A inquietação de Guterres com o “tic-tac” do relógio do apocalipse e a “sequência de Oppenheimer”

EPA/Chris J. Ratcliffe

O secretário-geral da ONU, António Guterres

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, revelou, esta segunda-feira, estar inquieto com risco de uma guerra nuclear: “A humanidade não pode sobreviver a uma sequência de Oppenheimer”.

Referindo-e ao remiado filme que “revelou a dura realidade do apocalipse nuclear”, António Guterres alertou, esta segunda-feira, para o risco de uma guerra nuclear, apontando que “a humanidade não pode sobreviver a uma sequência de Oppenheimer”.

“Reunimo-nos hoje num momento em que as tensões geopolíticas e a desconfiança colocaram o risco de guerra nuclear no seu nível mais elevado desde há dezenas de anos”, repetiu Guterres durante uma reunião do Conselho de Segurança sobre a não-proliferação nuclear, organizada pelo Japão.

“O relógio do apocalipse gira, o seu ‘tic-tac’ ressoa em todos os ouvidos”, metaforizou António Guterres.

A analogia com Oppenheimer

Em Hollywood, o filme de Christopher Nolan “Oppenheimer”, “deu vida a uma dura realidade do apocalipse nuclear para milhões de pessoas em todo o mundo”, comparou o secretário-geral.

“A humanidade não pode sobreviver a uma sequência de Oppenheimer”, advertiu, sublinhando que “todas as vozes, todos os alertas, todos esses sobreviventes, imploram ao mundo para se afastar do precipício de que se abeira”.

“Oppenheimer” retrata os momentos decisivos da vida de Robert Oppenheimer, o físico norte-americano que fez entrar o planeta na era nuclear, precipitando o fim da Segunda Guerra Mundial quando os Estados Unidos lançaram bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasaki.

Guterres está inquieto

Agora, Guterres inquieta-se pela perspetiva de uma nova corrida ao armamento nuclear: “Os instrumentos de guerra são alvo de investimentos muito superiores aos investimentos de paz. Os países canalizam consideráveis recursos em novas tecnologias nucleares mortais e estendem a ameaça a novos domínios”, lamentou.

“E certas declarações evocaram a perspetiva do início de um inferno nuclear, ameaças que devemos denunciar coletivamente e em tom forte”, acrescentou, sem designar qualquer país.

“Hoje, essas armas são mais potentes, em raio de ação e em furtividade. É apenas necessária uma má decisão, um erro de avaliação, uma ação precipitada, para que ocorra um lançamento ocasional”, frisou.

Num momento em que o Conselho de Segurança nunca esteve tão dividido, Guterres sublinhou a necessidade de reconhecer que será apenas com trabalho conjunto que será possível “erradicar o risco de um holocausto nuclear”.

No final do dia, através de uma publicação na rede social X/Twitter, o secretário-geral da ONU voltou a partilhar a mesma preocupação.

“(…) Toda a humanidade pagará o preço. Precisamos do desarmamento nuclear agora”, apelou António Guterres.

ZAP // Lusa

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