A HD Korea Shipbuilding & Offshore Engineering está a avançar com planos para um grande navio porta-contentores movido a energia nuclear, com o objetivo de aproveitar os pequenos reatores nucleares da próxima geração para a descarbonização marítima.
O futuro cargueiro da empresa sul-coreana elimina os sistema de escape e os depósitos de combustível, libertando espaço para mais carga, aumentando a eficiência e a viabilidade económica.
Segundo o Interesting Engineering, o projeto de navio porta-contentores proposto pela construtora naval sul-coreana, usa a tecnologia de Pequeno Reator Modular (SMR), acelerando o desenvolvimento de navios movidos a energia nuclear.
O projeto da HD KSOE, construtora naval da Hyundai, foi revelado pela primeira vez na cimeira New Nuclear for Maritime Houston, realizada em Houston, EUA.
“Os navios movidos a energia nuclear podem ser um fator de mudança no atual mercado da construção naval, onde a neutralidade de carbono está a emergia.
A ABS e a HD KSOE, contribuirão para acelerar a comercialização da tecnologia nuclear marítima no mercado mundial da construção naval”, afirmou Patrick Ryan, Diretor de Tecnologia da ABS, organização de classificação de serviços marítimos.
Em agosto de 2024, o Lloyd’s Register, a CORE POWER e a Maersk lançaram um estudo sobre a regulação e as estruturas para um navio porta-contentores movido a energia nuclear usando um reator de quarta geração para reduzir as emissões dos navios de carga em metade.
Ao contrário dos navios convencionais, este projeto da HD KSOE elimina a necessidade de sistemas de exaustão do motor e de tanques de combustível, libertando espaço anteriormente ocupado por grandes equipamentos da sala de máquinas.
A otimização permite uma capacidade de carga adicional, melhorando a eficiência económica.
Para garantir a segurança, a HD KSOE integrou um sistema de proteção contra radiações marítimas, utilizando uma estrutura de tanque duplo com aço inoxidável e água leve. Este projeto minimiza a exposição à radiação, mantendo a integridade estrutural.
Além disso, a empresa estabeleceu uma parceria com a empresa global de tecnologia energética Baker Hughes para implementar um sistema de propulsão baseado em dióxido de carbono supercrítico.
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De acordo com a empresa, a inovação aumenta a eficiência térmica em aproximadamente 5%, comparativamente com a propulsão tradicional baseada em vapor, tornando o navio mais eficiente em termos energéticos.
Para validar ainda mais a sua segurança e desempenho operacional, a HD KSOE está a desenvolver uma instalação de demonstração nuclear marítima no seu Centro de Testes de Tecnologias Futuras em Yongin, na província de Gyeonggi, na Coreia do Sul.
A instalação irá testar e aperfeiçoar as tecnologias nucleares do navio, garantindo a conformidade com as normas de segurança e regulamentares globais.
Durante muitos anos, apenas os navios de guerra mais potentes foram autorizados a utilizar energia nuclear. A questão de saber se a tecnologia nuclear pode alimentar navios comerciais é agora crucial para o setor marítimo.
Embora a utilização da energia nuclear em navios comerciais tenham muitas vantagens ambientais potenciais, existem também desafios tecnológicos e jurídicos substanciais.
Um obstáculo significativo é a complexidade da modificação dos navios atuais para albergar reatores nucleares e a necessidade de novas infraestruturas e procedimentos de segurança.
No entanto, estes desafios iniciais podem ser compensados pelas poupanças de custos a longo prazo e pelas vantagens de sustentabilidade, abrindo a porta a um futuro de transporte comercial mais limpo e mais eficaz.
À medida que o setor dos transportes marítimos procura alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis, a KSOE junta-se a muitos construtores navais que exploram a propulsão nuclear como uma solução viável.
Desde fevereiro do ano passado, a HD KSOE tem vindo a desenvolver a tecnologia SMR da próxima geração através da investigação conjunta com a TerraPower. Em dezembro, obteve uma encomenda para fabrico de equipamento-chave para o reator Natrium da TerraPower em Wyoming, EUA.
“A HD KSOE está a reforçar a cooperação não só com as principais sociedades de classificação, mas também com os organismos reguladores internacionais, a fim de estabelecer os regulamentos internacionais necessários para a comercialização de navios movidos a energia nuclear. Começando com o projeto de fabrico do reator SMR em terra, pretendemos desenvolver um modelo de negócio nuclear marítimo até 2030”, afirmou Park Sangmin, vice-presidente da HD KSOE.