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A guerra está de volta ao Sudão do Sul

O presidente sul-sudanês, Salva Kiir, ordenou esta segunda-feira um cessar-fogo que entrou em vigor às 18h locais (16h em Lisboa), após dias de combates na capital, Juba, entre forças lealistas e ex-rebeldes.

Os confrontos iniciaram-se um dia antes do Sudão do Sul cumprir o seu quinto aniversário, e quando tentava recuperar de uma guerra civil, desencadeada em dezembro de 2013, que deixou a economia em ruínas e causou dezenas de milhares de mortos e mais de 2,3 milhões de deslocados.

Os combates em Juba, que causaram mais de 300 mortos, deram-se entre ex-rebeldes, que apoiam o vice-presidente Riek Machar, da tribo nuer, e forças governamentais, leais ao Presidente Salva Kiir, da etnia dinka.

Os combates entre forças sul-sudanesas e ex-rebeldes intensificaram-se no domingo e estenderam-se a vários bairros da capital e às imediações do aeroporto internacional. Milhares de habitantes fugiram da capital face aos confrontos.

“A guerra está de volta” ao Sudão do Sul, chegou a afirmar no domingo o porta-voz militar de Riek Machar, em declarações à BBC, depois de um ataque contra a residência oficial do vice-presidente.

Após quatro dias de confrontos, Machar e Kiir ordenaram um cessar-fogo às tropas que os apoiam, mas ainda não é claro se a violência de facto chegou ao fim, refere a BBC, que relata que cargas de tiros continuavam a ouvir-se na capital mesmo depois da hora definida para o cessar-fogo.

Acordo de paz frágil

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se no domingo e instou Salva Kiir e Riek Machar a “fazerem todos os possíveis para controlar as respetivas forças, travarem urgentemente os combates e impedirem o alastramento da violência”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu também “sanções seletivas” contra as partes responsáveis pelos confrontos.

O governo do Presidente Salva Kiir e a oposição armada liderada por Riek Machar alcançaram um frágil acordo de paz em agosto de 2015 e formaram um governo de unidade nacional em abril deste ano, quando Machar regressou a Juba com um forte contingente de homens armados.

O acordo prevê que as forças leais aos dois dirigentes políticos sejam integradas no exército sul-sudanês.

No entanto, a continuação dos combates em diversas zonas do país entre milícias com interesses locais levantam dúvidas sobre a capacidade do acordo de paz resolver o conflito étnico e de poder do Sudão do Sul.

AF, ZAP / Lusa

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