É impossível encontrar comida ou água em Gaza. Palestinianos estão “à espera da morte”

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HAITHAM IMAD/EPA

Palestinianos sentados junto a uma fogueira nos escombros da sua casa destruída em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

E “o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros”, mas “as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária”.

O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) avisou esta terças-feira que se tornou impossível encontrar comida, água ou cuidados médicos no norte da Faixa de Gaza e exigiu uma trégua imediata da ofensiva israelita.

No norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera da morte”, sublinhou Philippe Lazzarini, num comunicado publicado na rede social X.

As pessoas “sentem-se abandonadas, desesperadas e sozinhas” e “vivem com medo da morte a cada segundo”, referiu, adiantando que “o número de mortos continua a aumentar” após “quase três semanas de bombardeamentos contínuos por parte das forças israelitas”.

Segundo o responsável da agência das Nações Unidas, “o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros”, mas “as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária”.

“Trégua imediata” é fundamental

Por isso, exigiu Philippe Lazzarini, é fundamental fazer “uma trégua imediata, nem que seja por algumas horas”, para permitir “a passagem das famílias que queiram sair da zona e chegar a locais mais seguros”. Isto “é o mínimo para salvar a vida de civis que nada têm a ver com este conflito”, concluiu.

Os ataques israelitas já fizeram mais de 42 mil mortos entre os palestinianos, aos quais se somam mais de 750 mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental às mãos das forças de segurança israelitas e ataques perpetrados por colonos.

O Ministério da Saúde de Gaza também afirmou esta terça-feira que o sistema de saúde na região está à beira “da catástrofe”.

“O hospital Kamal Adwan está numa situação mais que catastrófica, já que a porta do centro foi bombardeada. Bombas foram lançadas contra as ambulâncias do hospital, mas não explodiram. Os andares superiores do hospital estão a ser atacados e a unidade ruiu completamente, pelo que ninguém pode entrar ou sair”, alertou o ministério, em comunicado.

A mesma fonte referiu ainda que a maior parte do material médico deste hospital, como as unidades de sangue, já não está disponível e que o pessoal de saúde e os doentes estão “em situação de extremo perigo”.

As forças israelitas estão a disparar contra nós de todas as direções. As pessoas estão aterrorizadas. Mas não vamos abandonar o hospital Kamal Adwan nem deixar os feridos e os doentes sozinhos”, disse o diretor do Kamal Adwan, Hossam Abu Safieh, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

Por seu lado, o diretor do hospital Indonésio, Marwan Sultan, localizado no norte de Gaza, alertou para a possibilidade de mais doentes morrerem após o cerco israelita imposto a este centro hospitalar.

Na segunda-feira, a Casa Branca avisou Israel de que precisa fazer “muito mais” para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

“Vimos alguns progressos nalgumas coisas (…), mas ninguém no Governo dos EUA vos dirá que estamos satisfeitos ou que consideramos satisfatória a situação humanitária em qualquer parte de Gaza”, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, numa conferência de imprensa.

250 mil camiões barrados por Israel

As autoridades de Gaza denunciaram ainda esta terça-feira que Israel impediu a entrada de “mais de um quarto de milhão de camiões de ajuda” alimentar desde o início da “guerra genocida” a 7 de outubro do ano passado.

Num comunicado publicado na rede social Telegram, o gabinete de imprensa das autoridades de Gaza indicou que o exército israelita “continua a aplicar uma política de fome, especialmente no norte da Faixa de Gaza e especificamente em Jabalia”, tendo em conta o reforço da ofensiva nesta zona nas últimas três semanas.

Israel está a utilizar a fome “como arma de guerra contra civis e crianças”, proibindo “a entrada de alimentos, leite em pó e suplementos nutricionais”.

“Isto é considerado um crime contra a humanidade. Este crime vem juntar-se ao encerramento pelo exército de ocupação israelita da última passagem na Faixa de Gaza há 169 dias [alusão à passagem de Rafah] e ao aperto do cerco sufocante a todas as províncias da Faixa”, disseram as autoridades da Faixa de Gaza, antes de manifestar “profunda perplexidade perante o silêncio da comunidade internacional”.

Nesse sentido, salientou que “a continuação desta catástrofe no meio do silêncio internacional significa uma profunda crise humanitária que pode causar a morte de milhares de palestinianos” e denunciou mais uma vez “a guerra de extermínio e de limpeza étnica” levada a cabo pelas autoridades israelitas.

“Consideramos a ocupação israelita, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a França e os outros países que participam neste genocídio totalmente responsáveis pelo crime de fome de civis”, afirmou, apelando a uma “pressão real” sobre Israel para que ponha termo a estas ações, “especialmente no norte de Gaza”.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Não sei onde veio essa ideia, mas nunca houve falta de comida em Gz, todos os vídeos que vi o pessoa tinha roupa lavada, telemóveis com bateria carregada e barracas a vender comida por todo o lado. Será que é por as últimos envios de ajuda humanitária não foi desviada por hms para revender a população? O que não conseguiam vender jogavam fora para e tudo que tivesse rotulo US atirado fora e a falta é tão grande que existe muitos vídeos alimentar os gatos de rua…. Não precisam de acreditar em mim, basta 5 minutos de pesquisa para ver.

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