As crianças não devem ter telemóvel antes dos 16. A recomendação é feita pelo especialista espanhol Marc Massip, que compara este vício ao da heroína.
A dependência de um telemóvel é semelhante à da heroína.
A tese é defendida por Marc Massip: “Não há muita diferença entre uma dependência de substâncias, como a droga, e a dependência do telemóvel. O mecanismo da dependência é semelhante“.
Em entrevista ao Expresso, o médico espanhol explicou por que motivo considera o smartphone a heroína do século XXI: “Quando apareceu a heroína não se conheciam exatamente os riscos nem o potencial de dependência, nem havia uma noção clara de quão perigosa era”.
“Com o smartphone passou-se um pouco o mesmo. Quando surgiu não sabíamos muito bem o que era ou que consequências podia ter e só agora estamos a perceber que é realmente perigoso. Neste momento, já não há dúvidas que pode trazer muito mal-estar à sociedade e que é um grande problema para as famílias“, acrescentou.
As crianças não devem ter telemóvel antes dos 16, porque o cérebro ainda está em desenvolvimento, referiu o especialista: “Os pais não deve dar um smartphone aos filhos antes dos 16 anos. Até essa idade, o cérebro não está suficientemente desenvolvido para este dispositivo. Com grande probabilidade acabam por ver conteúdos inadequados para os quais não estão preparados, o que lhes criará problemas”.
Mas no caso dos pais que já deram telemóvel aos filhos, Marc Massip diz que não devem ter medo de dar um passo atrás e tirar-lhes os dispositivos ou “pelo menos, estabelecer limites, criando uma espécie de contrato tecnológico, com proibição de uso em determinados horários ou contextos”.
O médico concorda e recomenda a proibição dos telemóveis nas escolas: “Penso que é urgente”.
Em Espanha, houve, recentemente, uma petição para apelar à proibição total de telemóveis para menores de 16 anos. A Catalunha já está nesse regime: telemóveis proibidos nos estabelecimentos escolares daquela região espanhola.
“Mas [proibir os telemóveis na escola] não chega”, diz Marc Massip.
“É fundamental criar leis que regulem ou regulamentem a idade em que as crianças podem ver determinados conteúdos, através de um controlo de entrada baseado na idade. Neste momento, não existem leis que regulem a idade mínima de acesso às redes sociais, pelo menos não de forma eficaz. As recomendações que existem não são minimamente suficientes, nem cumpridas. A maioria dos menores aderem ao Whatsapp, por exemplo, antes dos 16 anos”, argumentou.
Em 2012, o Marc Massip lançou o programa Desconecta, para ajudar crianças e adolescentes com dependência de ecrãs a libertarem-se do vício.
Como detalha o Expresso, mais de quatro mil menores já foram tratados, desde então, numa das três clínicas especializadas em adição às tecnologias que o especialista tem em Espanha (Madrid, Barcelona e Málaga).