A COP16 na Colômbia pode ser uma tragédia

AlCortés / Flickr

Será mesmo boa ideia fazer a COP16 na Colômbia? Mais de um terço dos 196 assassinatos a ativistas ambientais, em todo o mundo, em 2023, aconteceram naquele país.

A Global Witness anunciou, esta terça-feira, num novo relatório, a Colômbia como o país mais perigoso para os ativistas ambientais.

Precisamente o país que vai receber a Conferência da ONU sobre a Biodiversidade – COP16, daqui a um mês. Avizinha-se uma tragédia?

79 dos 196 homicídios de defensores do ambiente e dos direitos à terra no ano passado ocorreram na Colômbia. É o número mais elevado desde que a organização começou a produzir um relatório anual, em 2012.

A maioria dos crimes ocorreu no sudoeste do país e há suspeitas de que organizações criminosas tenham cometido pelo menos metade deles.

A Colômbia vai acolher, em outubro e novembro, a COP16 em Cali. Precisamente no sudoeste do país, o que suscita preocupações quanto à segurança dos participantes.

A organização não-governamental (ONG) revelou ainda que cerca de 85% dos assassinatos ocorreram na América do Sul.

O relatório destacou também a situação nas Honduras, que registou 18 homicídios, o maior rácio de assassínios por habitante.

Na Ásia, as Filipinas continuam a ser o país mais perigoso, com 17 homicídios de ativistas ambientais. A Global Witness destacou uma tendência crescente de raptos na região.

“Desde a nossa libertação, as ameaças não pararam”, afirmaram no relatório Jonila Castro e Jhed Tamano, duas ativistas que se opõem aos projetos de recuperação da baía de Manila, nas Filipinas.

As ativistas acusaram o exército de as ter raptado, embora as autoridades tenham afirmado que as duas mulheres pertenciam a uma rebelião comunista, que mais tarde abandonaram.

Em África, a Global Witness registou apenas quatro mortes, mas alertou que o número estará provavelmente “muito subestimado”, dada a dificuldade de recolha de informações.

A ONG condenou ainda novas leis aprovadas no Reino Unido e nos Estados Unidos, que preveem penas mais duras para manifestantes e ativistas, bem como os “níveis draconianos de vigilância” nos países da União Europeia.

No caso do Reino Unido, a Global Witness referiu o caso de três ativistas ambientais que foram proibidos pelos tribunais de invocar a crise climática em sua defesa e foram detidos por desrespeito da lei.

ZAP // Lusa

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