As rãs macho passam toda a vida a silenciar as fêmeas, mas não o fazem com maldade. É por esse motivo que 98,6% dos sons das rãs fêmeas permanecem um mistério.
Em que século viverão as rãs? As fêmeas estão a ser abafadas pelos machos. Só eles se fazem ouvir.
Aliás, os machos são tão barulhentos que os cientistas ainda só descobriram como “soam” 1,4% das fêmeas.
Foi um estudo da Universidade de São Paulo, publicado esta quarta-feira na Proceedings of the Royal Society B, que revelou que, de todas as espécies de rãs conhecidas pelos cientistas, 98,6% dos sons das fêmeas são ainda um mistério.
Só fala o macho?
Naturalmente, há uma razão para os “rapazes” serem mais barulhentos – é um papel fundamental para atrair parceiros e competir com outros machos. As rãs fêmeas, por seu turno, são conhecidas por emitirem sons mais suaves e silenciosos.
No entanto, ser capaz de ouvir as fêmeas, no contexto de machos próximos, seria vital para compreender melhor a comunicação das rãs… mas os machos não se calam…
Como escreve a New Atlas, para além de ouvir a sua conversa social, ter conhecimento sobre a forma como comunicam é uma ferramenta importante para conservar as espécies e ajudar a repovoar áreas onde os desequilíbrios sexuais prejudicam a reprodução e, por conseguinte, as populações.
Como combater o machismo bioacústico?
“Este estudo visa corrigir a perspetiva tendenciosa do sexo masculino na bioacústica e melhorar a nossa compreensão da comunicação, comportamentos de acasalamento e evolução em anfíbios – incentivando uma compreensão mais equilibrada de ambos os sexos” referem os investigadores, citados pela New Atlas.
A investigação apela ao desenvolvimento de melhores formas de detetar os sons das fêmeas.
Ouvir o que as elas têm a dizer é sempre e importante; e, neste caso, fornecerá novos conhecimentos sobre as comunidades de sapos, o que tem o potencial de beneficiar as cerca de 8.000 espécies que conhecemos.