Várias escolas de um distrito escolar do Estado norte-americano do Utah proibiram a Bíblia, depois do pai de um aluno a ter denunciado o livro religioso como pornográfico, pelo seu conteúdo sexual e violento.
Este encarregado de educação aproveitou uma polémica lei estatal que permite a retirada das escolas de livros didáticos considerados impróprios para os alunos, segundo o jornal The Salt Lake Tribune, citado pela EFE.
De acordo com este pai, a bíblia contém passagens sobre incesto, violação e prostituição, e é essencialmente pornográfica, ao abrigo de uma lei estatal aprovada em 2022, que tem sido utilizada sobretudo por grupos conservadores para censurar livros sobre temas raciais ou sobre a comunidade LGBTQI.
A Bíblia foi retirada para alunos do ensino básico ou médio, enquanto as escolas secundárias podem mantê-lo.
Numa mensagem na rede social Facebook, o congressista republicano que promoveu esta lei considerou o livro de “leitura difícil” para alunos mais jovens, acrescentando que “tradicionalmente, nos Estados Unidos, a Bíblia é melhor ensinada e compreendida em casa e ao redor da lareira, como uma família“.
De acordo com o Tribune, o pai que apresentou a queixa fê-lo por frustração com os livros que estão a ser removidos das escolas devido a denúncias, uma tendência que tem sido assinalada desde abril por grupos que defendem a liberdade de expressão no país.
Onde é que vamos parar?
Após a decisão de proibição da Bíblia, as mesmas escolas escolas receberam esta sexta-feira um pedido de proibição de um outro livro religioso — neste caso, o Livro de Mórmon.
Segundo o The Salt Lake Tribune, o autor do pedido considera que o livro, baseado no fundador da religião Mórmon, Joseph Smith, “não é menos prejudicial” para os estudantes do que a Bíblia — uma vez que contém nas suas leituras referências a violência, incluindo batalhas, decapitações e raptos.
Após este pedido “retaliatório”, o jornal norte-americano publicou um editorial intitulado “A Bíblia foi banida. Em que é que julgávamos que isto ia dar?”
Nos últimos meses, os Estados Unidos têm assistido a uma “corrida às proibições“, num contexto de guerra culturais entre republicanos e democratas, que estão a dividir o país.
Alguns estados conservadores tentam policiar a leitura, descartando alguns livros — que acusam, por exemplo, de promover a homossexualidade, de ter ideologias progressistas, ou de serem demasiado chocantes.
No final de maio, uma escola de Miami restringiu o acesso a um poema da afro-americana Amanda Gorman, lido durante a tomada de posse do Presidente Joe Biden em 2021, considerando-o impróprio para crianças menores.
Clássicos, como os romances de Toni Morrison ou “Maus”, de Art Spiegelman, têm sido alvo de autoridades escolares.
Em fevereiro, na Florida, professores foram obrigados a esconder livros dos alunos. Nas bibliotecas de centenas de escolas do estado, milhares de obras consideradas “woke” ou “inconvenientes” estão a ser guardadas fora do alcance dos alunos.
A razão deste comportamento drástico dos professores é a lei HB 1467, aprovada pelo órgão legislativo da Florida e sancionada pelo governador Ron De Santis, do Partido Republicano, que recentemente anunciou a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos.
ZAP // Lusa
Merica!!
Que coisa mais ridícula!