Partido Trabalhista, vencedor das eleições, comprometeu-se com metas mais ambiciosas ao nível da redução das emissões de gases com efeito de estufa e parece ter respondido às preocupações dos eleitores relacionadas com a emergência climática.
As eleições legislativas australianas ditaram uma alteração no partido que ocupa o Governo do país. Após 13 anos no poder, o partido de Scott Morrison (Liberal) foi derrotado, perdendo, inclusive, 26 assentos parlamentares face à eleição anterior, quando tinha conquistado 76 lugares. Por sua vez, o partido trabalhista fica a um dos necessários para a maioria absoluta, apesar de o seu líder, Anthony Albanese, estar confiante de que conseguirá governar em minoria.
À primeira vista, as eleições na Austrália e a mudança na cor do partido do Governo teriam pouco que dizer aos restantes cidadãos do mundo, mas a verdade é que no centro da política australiana está um assunto capaz de tombar primeiros-ministros e impactar até quem vive no ponto oposto do planeta: as alterações climáticas.
Ao longo dos últimos anos, o país tem sofrido mais do que qualquer outro com fenómenos climatéricos e meteorológicos extremos: secas severas, incêndios florestais sem precedentes, cheias e eventos de branqueamento na Grande Barreira de Coral. De acordo com o Expresso, que cita o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a Austrália está extremamente vulnerável às alterações climáticas e caminha a passos largos para um futuro repleto de desastres naturais.
No entanto, através de uma análise rápida aos resultados eleitorais de sábado, é possível perceber que os australianos consideravam que o tópico não estava a ser encarado com a devida seriedade e urgência pelo Governo atualmente de saída. De facto, Scott Morrison nunca se comprometeu com metas ambiciosas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa – fazendo com que os parceiros internacionais questionassem o seu nível de compromisso – e tardou em apresentar medidas que permitissem ao subcontinente operar uma transição para a energia verde.
De acordo com os dados apresentados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), a Austrália tem o maior número de emissões per capita de carvão a nível mundial – trata-se de um valor cinco vezes maior do que a média global e 40% superior a qualquer outro grande consumidor de energia a carvão. É ainda importante ressalvar que apesar de ter 0,3% da população mundial, o país é responsável por 1% das emissões.
Perante estes números e a vontade dos eleitores de verem uma resposta mais clara à crise climática, a decisão pareceu pouco dúbia.
Durante a campanha eleitoral, o Partido Trabalhista fez saber que pretende uma redução das emissões na ordem dos 43% até 2030, uma meta que tornaria possível limitar o aquecimento global a cerca de 1,6º. Ainda assim, desengane-se quem pensa que o partido recém-eleito tem uma agenda verde. Por exemplo, a força liderada por Anthony Albanese prometeu não abandonar empresários e trabalhadores do setor mineiro, não se comprometendo, inclusive, com o fecho de minas ou com o fim de licenciamento de novas explorações – caso estas façam sentido do ponto de vista comercial.
A aposta será nos carros elétricos, que pretende tornar mais baratos, e no melhoramento das opções de armazenamento das energias renováveis. Simultaneamente, existe também a esperança que o mercado consiga fasear o consumo de carvão sem que o Estado tenha que intervir – uma estratégia vista como arriscada pelos especialistas.
Ui… vai dar alguma coisa ruom aos teólogos da IL…
*ruim