A árvore de família de Tutankhamon está cheia de intriga e incesto

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A famosa máscara de Tutankhamon

O Rei Tutankhamon, por vezes referido simplesmente como Rei Tut, tem sido uma figura de intriga interminável desde que o seu túmulo foi descoberto em 1922 no Vale dos Reis, com mais de 5.000 artefactos.

Apesar da riqueza dos artefactos, os detalhes da linhagem familiar do famoso Rei Tutankhamon permanecem parcialmente obscuros e incompreensíveis numa teia de incesto e política real.

Estudos genéticos recentes ajudaram a perceber alguns aspetos da sua genealogia — em particular, que os pais de Tut eram irmãos, o que por si só, conta a Discover Magazine, torna o seu mapa genealógico não só real, mas também complexo.

De acordo com um estudo genético publicado em 2010 na JAMA, o seu pai era Amenhotep IV, também conhecido como Akhenaten, que ficou famoso por tentar mudar o Egito antigo do politeísmo para o monoteísmo.

A identidade da mãe de Tut, no entanto, permanece incerta. Os testes de ADN indicam que era uma das filhas de Amenhotep III e da rainha Tiye, o que faz dela também a tia de Tut.

A rainha Nefertiti, importante na história do Egito pela sua beleza e poder, inicialmente considerada candidata a mãe de Tut, seria, em vez disso, a sua madrasta e sogra. Foi casada com Akhenaton e apoiou a sua revolução religiosa, e acredita-se ainda que tenha sido mãe de Ankhesenamun, que mais tarde se tornou a esposa de Tut.

A dinâmica das relações no seio desta família reflete a complexa relação dos seus assuntos familiares, uma vez que Ankhesenamun era possivelmente também meia-irmã de Tut.

A linhagem e os papéis familiares tornam-se ainda mais obscuros após a morte de Tut. A vida de Ankhesenamun depois de Tut está mal documentada, embora possa ter procurado manter o seu poder propondo casamento a um príncipe hitita, um ato registado nas “Ações de Suppiluliuma” do reino hitita.

Para agravar ainda mais o drama, parece ter existido uma faraó que reinou brevemente entre Akhenaton e Tutankhamon.

A identidade deste faraó é muito debatida entre os egiptólogos, sendo a própria Nefertiti e Meritaten, uma das suas filhas, as principais candidatas. Algumas teorias sugerem que Nefertiti poderia ter adotado um nome faraónico e reinado sozinha, enquanto outras propõem que Meritaten ou mesmo outro irmão poderia ter reinado antes de Tutankhamon ter idade suficiente para subir ao trono.

Apesar da significativa investigação arqueológica e genética, muitos pormenores sobre a árvore genealógica de Tut permanecem indecifráveis. Os artefactos e as inscrições oferecem pistas, mas a natureza frágil do material genético extraído das múmias torna as conclusões definitivas um mistério.

O estudo da família do Rei Tut é motivado tanto pelo interesse no seu curto e aparentemente discreto reinado, como pelas personalidades mais marcantes dos seus familiares.

À medida que a tecnologia evolui, descobertas são feitas e mais conhecimento pode ser descoberto sobre este puzzle faraónico.

O famoso egiptólogo Zawi Hawass está atualmente à procura do túmulo de Nefertiti no Vale dos Reis, na esperança de que este possa fornecer mais pistas sobre esta incerta linhagem real — que continua a fascinar o mundo.

Soraia Ferreira, ZAP //

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