O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Henry Ramos Allup, anunciou esta quarta-feira que o órgão a que preside decidiu acatar a decisão do Supremo Tribunal de Justiça do país, que tinha ordenado a suspensão de três deputados de oposição ao regime
“Parece que o deputado Héctor Rodríguez (do Partido Socialista Unido da Venezuela, o partido do governo), exige que a presidência diga que acata, que cumpre ou observa (a sentença) e não temos nenhum problema com isso”, afirmou Allup.
Henry Ramos Allup discursou no parlamento, onde anunciou que os três deputados opositores enviaram uma carta solicitando a “desincorporação” do órgão.
Em declarações aos jornalistas, Allup informou que, “às vezes, são necessárias tréguas, às vezes há que sacrificar algumas coisas para salvar outras”, lembrando que era necessário preservar a Assembleia Nacional “dos ataques de quem pretende pôr o parlamento de patas para o ar”.
A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática, MUD, obteve, nas eleições de 06 de dezembro último, a primeira vitória em 16 anos, conseguindo eleger 112 dos 167 lugares que compõem o parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma viragem história contra o regime chavista de Nicolás Maduro.
No dia 31 de dezembro, o STJ ordenou a suspensão da posse de três parlamentares da oposição e de um governista.
Com a decisão, apenas 109 deputados da oposição e 54 do Partido Socialista Unido da Venezuela foram declarados aptos para iniciar funções em 5 de janeiro.
Um dia depois, em sessão ordinária, Henry Ramos Allup empossou os três parlamentares opositores, reivindicando a maioria de dois terços no parlamento, ato questionado pelos deputados simpatizantes do chavismo, que, em protesto, abandonaram o hemiciclo de sessões.
Na segunda-feira, o STJ declarou que todas as decisões do parlamento seriam “nulas” enquanto os três membros da oposição permanecessem como deputados.
Segundo Henry Ramos Allup, com a desincorporação dos três opositores, a Assembleia Nacional passa de 167 para 164 deputados, o que “baixa o quórum”, mas garante à MUD os dois terços do parlamento.
ZAP / ABr