Os jovens portugueses estão a adquirir padrões de consumo equivalentes aos dos nórdicos, situação que pode ser associada ao facto de as bebidas serem cada vez mais baratas e de fácil acesso.
De acordo com o presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia Augusto Pinto, em entrevista ao Diário de Notícias, os jovens portugueses estão cada vez mais a adquirir “modelos próximos dos nórdicos”, ou seja, um consumo de grandes quantidades na mesma ocasião.
Cerveja e bebidas espirituosas são as principais escolhas dos jovens nos dias que correm quando se trata de beber. Para o presidente da SPA, a acessibilidade e o preço das bebidas são dois dos principais motivos que podem explicar este problema.
“As festividades académicas, promovidas pelas cervejeiras, prologam-se cada vez mais dias e até às seis da manhã, os bares dirigem festas às mulheres e dedicam noites a bebidas destiladas. Também há litradas, bebidas vendidas a metro e outras promoções”, destaca Augusto Pinto.
Para o responsável, é preocupante que nas festas académicas “o preço das bebidas alcoólicas, nomeadamente da cerveja” seja “francamente mais baixo do que o da água”.
Também as praxes são cada vez mais associadas ao consumo desregrado de álcool. Recorde-se que, em setembro passado, no seguimento de uma praxe académica em Faro, uma caloira deu entrada nas urgências em coma alcoólico.
Esta situação pode vir a tornar-se mais grave do que nos países nórdicos, com Portugal a atingir já um dos maiores consumos de álcool per capita a nível mundial – 10,8 litros.
Segundo Manuel Cardoso, vice-presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências, “os jovens bebem com o objetivo pré-definido de ficarem alegres”.
Além de todas as consequências negativas, as mais relevantes são, sem dúvida, o aparecimento cada vez mais precoce de doenças relacionadas com o álcool como, por exemplo, a cirrose.
De acordo com o vice-presidente do SICAD há, de facto, jovens que começam a “beber muito cedo e com padrões de consumo problemáticos”. “É arrepiante ver cirroses a aparecerem antes dos 30”, lamenta.
Face a este comportamento, são cada vez mais os jovens que procuram ajuda nas associações dos Alcoólicos Anónimos.
“Há muitos que nos procuram e participam nos grupos, sobretudo maiores de 20 anos. Há um ou outro caso mais novo, mas são pontuais”, disse ao DN fonte da associação.
ZAP