Aos 25 anos de idade, a doutoranda chilena Maritza Soto realizou o sonho de qualquer astrónomo: descobrir um novo planeta, o HD 110014c.
O planeta HD 110014c, que orbita a estrela HD 110014, está a 293 anos-luz da Terra e tem uma massa pelo menos três vezes maior que a de Júpiter.
A descoberta foi publicada na revista científica da Royal Astronomical Society de Londres, após uma investigação de oito meses.
“Normalmente, para descobrir um planeta temos que usar métodos indirectos, porque não é como olhar para o céu e, de repente, reparar numa pequena mudança e, pronto, lá está um planeta”, explica Soto à BBC.
A astrónoma diz que, geralmente, estes planetas são difíceis de se observar, dada a proximidade com a estrela que orbitam.
“Para poder realmente vê-los, têm que ser planetas que sejam muito grandes e que estejam muito longe da estrela, ou seja, é muito difícil”, explica.
“O que fazemos é medir a estrela e ver as mudanças que acontecem quando há um planeta”.
Velocidade radial
Soto empregou o método da velocidade radial, que consiste em medir o movimento da estrela para poder concluir se há algum objecto à sua volta.
Foi assim que Soto e a sua equipa, composta pela astrónoma e por James Jenkins e Matías Jones, investigadores da Universidade do Chile, descobriram o novo planeta – o segundo naquele Sistema Solar.
O planeta tem pelo menos três vezes a massa de Júpiter, mas Soto diz que este é “um valor mínimo”, já que não é possível calcular a massa real.
A jovem estudante destacou que o planeta está muito próximo da estrela que orbita – bem mais próximo que a Terra do Sol.
“É um planeta gasoso gigante que está muito quente, porque está muito perto da sua estrela”, diz Soto.
Sucesso
O planeta, segundo a astrónoma, corre grande risco de ser engolido pelo seu sol, por causa da proximidade e do enorme tamanho da sua estrela vermelha.
Maritza Soto, que desde os 11 anos que já sabia que queria seguir carreira na astronomia, diz que não esperava alcançar um sucesso tão grande tão cedo.
“Sempre estudei astronomia com a ideia de que ‘talvez… alguma vez… pode ser… que encontre algo novo’. Mas nunca pensei que o fosse conseguir tão cedo”, disse.
A jovem astrónoma salienta o facto de actualmente, os cientistas da América Latina poderem partilhar descobertas com astrónomos conhecidos, de países desenvolvidos – muito graças à enorme quantidade de telescópios e observatórios internacionais instalados no Chile.
As montanhas do país, que ganhou a alcunha de ‘olhos do mundo‘, oferecem condições de excelência para a observação dos nossos céus.
O grupo de Soto vai agora continuar a investigar para tentar entender a dinâmica entre o novo planeta e os outros planetas que orbitam o seu sol.
A equipa está também a tentar encontrar novos planetas próximo de outros tipos de estrelas, que não são normalmente muito estudadas.
“Esperamos que isso nos leve a descobertas ainda maiores”, conclui Soto.
ZAP / BBC