O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou hoje a sua demissão e apelou à convocação de eleições antecipadas na Grécia, numa declaração ao país através da televisão pública grega.
“O meu mandato de 25 de janeiro expirou. Agora o povo deve pronunciar-se. Vocês com o vosso voto vão decidir se negociámos bem ou não”, disse Alexis Tsipras, em mensagem transmitida pelo canal estatal helénico.
Os gregos foram chamados a 25 de Janeiro a eleições legislativas, que foram conquistadas pelo Syriza, coligação de esquerda radical.
“Irei logo encontrar-me com o Presidente da República, Prokopis Pavlopulos, e apresentar-lhe a minha demissão e do meu governo”, referiu o político grego.
Segundo a comunicação social grega, Alexis Tsipras deverá propor a realização das eleições antecipadas para o próximo dia 20 de setembro.
Tsipras ocupou o cargo de primeiro-ministro da Grécia durante oito meses, e abandona após selar o acordo com Bruxelas para a realização do terceiro resgate.
O governante grego afirma estar “orgulhoso” do tempo de governação e salienta que o acordo conseguido com os parceiros internacionais foi o “melhor possível para a Grécia”.
Nova Democracia vai tentar formar governo
Após a notícia da demissão do primeiro ministro, o líder da Nova Democracia, Evangelos Meimarakis, anunciou que vai “explorar todas as vias” para evitar a realização de eleições antecipadas na Grécia.
O anúncio causou alguma surpresa, uma vez que se esperava os partidos da oposição concordassem com a realização de eleições antecipadas, que têm vindo a reclamar “por questões de legitimidade”.
Contudo, Meimarakis anunciou em conferência de imprensa que irá usar os três dias previstos na Constituição para procurar parceiros de coligação e formar governo.
Segundo a Constituição grega, em caso de demissão de um governo no primeiro ano de exercício, o Presidente da República deve entregar um mandato exploratório ao maior partido da oposição, que tem três dias para formar governo.
Caso a Nova Democracia não consiga formar governo nos próximos três dias, será dada igual oportunidade à Aurora Dourada, partido de extrema-direita, que foi a terceira força política mais votada em Janeiro.
Radicais do Syriza apresentam lista própria
A ala radical do Syriza, a Plataforma de Esquerda, anunciou esta sexta-feira que vai apresentar a sua própria lista às eleições antecipadas, um dia após demissão do primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
“A Plataforma de Esquerda vai contribuir para a formação de uma frente ampla, progressista, democrática e antimemorando, que participará nas eleições para impor o cancelamento dos memorandos com os credores”, afirmou em comunicado.
Esta corrente, que defende o regresso do dracma como moeda nacional e critica duramente as negociações de Tsipras com os credores, devido à sua oposição aos novos ajustes, representa menos de 30% dos membros do Syriza, a coligação liderada pelo primeiro-ministro demissionário.
A ala dissidente do Syriza vai passar a chamar-se Unidade Popular e formará o seu próprio grupo parlamentar com 25 dos actuais deputados, anunciou esta sexta-feira o Parlamento grego.
ZAP / Lusa
…Mero expediente democrático!
Em sede parlamentar podia tentar o voto de confiança e explicar ao povo – como cá – que o projecto que tinham para o país é impossível concretizar face à situação económica e à propria economia grega. E por isso, como na Irlanda e em Portugal, o programa de ajustamento, tendo custos, pode ser o princípio da reestruturação da economia grega para mais tarde recuperar a autonomia financeira e com ela a independência económica.
Quem tanto se deixou endividar – como cá – só pode manter a integridade cumprindo requisitos de ajustamento para poder pagar – credibilidade – e oportunamente pagando o que deve!
Este afinal é um que não está agarrado ao poder. Prova que tentou governar o seu país, não a ele, ou à camarilha.
Desse ponto de vista sem dúvida. Sobrevém a responsabilidade política do mandato e não os expedientes democráticos populistas “Ou estão comigo ou contra mim”
Este é mais um troca-tintas ultimo modelo da politica, prometeu deitar tudo abaixo com a sua politica de extrema-esquerda como se fosse um senhor todo poderoso, depressa se apercebeu de que aquilo era apenas uma coisa de outro mundo impossível de concretizar e optou por acobardar-se e ajoelhar-se aos pés de quem condenava e criticava, por fim acaba por convocar novas eleições agora talvez na esperança de apanhar votos mais á direita uma vez ter dado uma reviravolta de 360º e de demonstrar um grande apego ao poder que pelos vistos não tenciona largar.
A teoria política tem destas coisas…”acobardar-se e ajoelhar-se aos pés de quem condenava e criticava”… Porém, confrontados com a realidade, a necessária firmeza da acção política pode levar a que se ponham de lado dogmatismos, a ler a realidade nua e crua, a ponderar os interesses em causa e se possam associar aos estigmas do passado… Burro é o que não anda mesmo com uma cenoura à frente!
A acção revolucionária não deixará de ser apenas espalhafatosa tal como o reacionarismo cego se não houver pão na mesa.