O Irão e as potências mundiais, reunidos em Viena, conseguiram fechar um acordo sobre o programa nuclear iraniano, após 21 meses de negociações.
“Chegaram a um compromisso em todos os aspetos. Dentro de muito pouco tempo as partes vão anunciar os resultados”, especificou um diplomata europeu, citado pela agência de notícias russa TASS.
Um diplomata próximo das negociações, que não é identificado, disse também à agência AFP que “o acordo foi concluído“.
A última sessão plenária entre o Irão e o chamado Grupo 5+1 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha – teve início às 10h30 locais (9h30 em Lisboa) na sede da ONU em Viena.
O derradeiro encontro no quadro das negociações sobre o complexo dossiê vai ser seguido de uma conferência de imprensa.
O Irão e o Grupo 5+1 têm vindo a negociar um acordo duradouro que garanta que Teerão não tenta obter uma bomba atómica recebendo como contrapartida um levantamento das sanções económicas que lhe foram impostas e que prejudicam a economia do país.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos sete países envolvidos nas negociações procuraram ao longo dos últimos 18 dias de intensas conversações em Viena chegar a um consenso para fechar este histórico acordo.
O Presidente iraniano, Hasan Rohani, afirmou hoje que a conquista de um acordo será “um triunfo da diplomacia” e servirá como um “bom começo” para novas relações internacionais.
Numa mensagem através do Twitter – rede social proibida no Irão, mas cujos líderes usam com frequência – Rohani realçou ainda que espera que o acordo que se ultime na capital austríaca, figure como um instrumento que coloque termo a uma época de “exclusão e coerção” nas relações entre países.
Netanyahu diz que acordo sobre nuclear iraniano é “erro”
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o acordo sobre o nuclear iraniano é “um erro histórico para o mundo”.
“Em todas as áreas em que era suposto evitar que o Irão se dotasse de capacidade de desenvolver armas nucleares, houve grandes compromissos”, afirmou Netanyahu, citado pelo seu gabinete, no início de uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Bert Koenders.
Benjamin Netanyahu abriu uma conta no Twitter, escrita em persa, para atacar o acordo sobre o dossiê nuclear iraniano, concluído em Viena.
“O objetivo é estabelecer uma comunicação direta com os iranianos, doutrinados a odiar Israel desde a revolução islâmica de 1979”, declarou um responsável do gabinete do primeiro-ministro israelita.
“Queremos dizer, em persa, a verdade aos iranianos sobre o acordo e explicar que os milhares de milhões de dólares que o regime iraniano vai conseguir com esta negociação vão servir para financiar o terrorismo e armas e não para construir escolas ou hospitais”, acrescentou.
Israel, inimigo do Irão, é totalmente contra um acordo sobre o programa nuclear iraniano, que, na opinião de Netanyahu, não vai impedir Teerão de fabricar a bomba atómica.
“Enquanto o espetáculo com o Irão continua, o Irão está prestes a fabricar a bomba nuclear e dispõe de milhares de milhões de dólares para o terrorismo e ataques”, escreveu Netanyahu numa das publicações.
Além desta, Netanyahu tem mais três contas no Twitter, em hebreu, inglês e árabe, e recorre frequentemente às redes sociais, incluindo ao Facebook, para fazer campanha contra o programa nuclear iraniano.
Israel é considerada a única potência nuclear do Médio Oriente e não assinou o Tratado de Não-Proliferação das armas nucleares.
/Lusa