O autor do massacre da igreja de Charleston, Estados Unidos, em que morreram nove pessoas, na última quarta-feira, terá escrito um manifesto racista num site da internet, que começou a circular nas redes sociais.
A página, lastrhodesian.com que entretanto ficou indisponível, exibia várias fotos do atirador, Dylann Roof, e continha um longo texto apresentado como um manifesto pela “guerra racial”.
Não se sabe se o site foi partilhado por cúmplices do assassino, de 21 anos, ou se terá sido descoberto por acaso.
O nome do site, em português “O Último Rodésio”, é uma referência à Rodésia do Sul, nome do actual Zimbabué, quando esta nação africana era dominada por um regime ditatorial da minoria branca.
No manifesto, Roof explica que o caso de Trayvon Martin motivou-o a cometer o crime de quarta-feira.
O jovem refere-se à morte de um adolescente negro em 2012 na Flórida, abatido a tiro por George Zimmerman, um latino. O atirador foi absolvido da acusação de homicídio, mas o episódio tem sido apresentado como um exemplo da violência contra jovens afro-americanos.
“É óbvio que Zimmerman tinha toda a razão”, afirma Roof, ao mesmo tempo que considera que os hispânicos são “inimigos”.
O jovem defende a segregação racial e diz-se um defensor dos brancos “forçados a viver entre os negros por razões económicas”, por oposição aos que mudam para “bons subúrbios” e que colocam os filhos em “boas escolas”.
“Alguém tem de lutar por eles”, acrescenta.
O atirador explica, ainda, que escolheu Charleston por ser uma cidade tradicionalmente de maioria negra, e a igreja Emanuel pelas ligações históricas ao movimento dos direitos civis.
Roof pretendia iniciar uma guerra entre raças. Está agora detido, arriscando a pena de morte.
Milhares de pessoas em vigília pelas vítimas
Milhares de pessoas participaram numa vigília, na última sexta-feira, dia 19, para lembrar as nove vítimas do tiroteio, segurando rosas brancas e vermelhas.
De mãos dadas, muitos com lágrimas nos olhos, os participantes cantaram o hino do protesto “We Shall Overcome”, em resposta ao massacre na igreja episcopal metodista.
Os líderes da comunidade expressaram mensagens de fé e compaixão e disseram que esta tragédia não irá criar uma divisão racial na cidade.
“Juntamo-nos aqui para uma noite de oração e amor”, disse o presidente da Câmara, Joseph Riley, que partilhou o palco com os principais líderes religiosos de Charleston.