Existem, de facto, casais com mais probabilidades de ter filhos com autismo? O maior estudo parental feito até hoje sobre a doença concluiu que os pais com mais probabilidade de ter filhos com esta condições são as mães adolescentes, as mães com mais de 40 anos, os pais com mais de 50 anos e os casais com uma grande diferença de idades.
O estudo, promovido pela associação Autism Speaks e publicado na Molecular Psychiatry, analisou ao longo de cinco anos 5.766.794 crianças, das quais mais de 30 mil tinham autismo, em cinco países – Dinamarca, Israel, Noruega, Suécia e Austrália.
A investigação descreve que o risco de uma criança sofrer de autismo cresce 66% nos casos em que o pai tem mais do que 50 anos, quando comparado com pais na casa dos 20. O risco torna-se menor – aumentando apenas 28% – quando estes estão nos seus quarentas.
No caso das mães com mais de 40 anos, a probabilidade de a criança padecer desta condição sobe 15%, contudo, se a criança nasce quando a mãe é ainda adolescente – isto é, com menos de 20 anos – o risco de autismo aumenta 18%.
De acordo com os investigadores, a incidência de autismo é maior quando os pais têm entre 35 e 44 anos e as mães têm dez anos a mais ou a menos. O mesmo acontece quando a mulher está na casa dos 30 e o homem tem dez anos a mais ou a menos.
O risco alto em ambos os extremos do espectro de idades levanta muitas questões, afirma Michael Rosanoff, um dos autores principais, e “tem intrigado os investigadores”.
Já tinha sido comprovado que os pais mais velhos têm alterações genéticas no seu esperma que podem provocar uma desordem do espectro de autismo. No entanto, a ciência ainda não consegue explicar por que é que o risco é acrescido nas mães adolescentes, nas mães mais velhas e nos casais com grande diferença de idades entre si.
“Apesar de haver muita investigação na área do autismo e da idade parental, ao analisar os registos de saúde de cinco países criámos a maior base de dados do mundo sobre fatores de risco no autismo”, explicou .
Sven Sandin, co-autor do estudo, garante que, “apesar da idade avançada dos pais constituir um fator de risco para o autismo, é importante relembrar que apesar de tudo a maioria das crianças filhas de pais mais velhos ou muito novos desenvolve-se normalmente“.
“Risco não significa causa”, acrescenta Michael Rosanoff. “Estes são fatores de risco que nos ajudam a encontrar caminhos – mas não as causas específicas.”
De acordo com os dados da Autism Speaks, 1 em cada 68 crianças nos EUA sofrem de Perturbações do Espectro do Autismo.
ZAP
Os senhores jornalistas deviam fazer algumas contas de cabeça antes de escreverem números deste género. Dizer que “quando a mãe é ainda adolescente (…) o risco de autismo ronda os 18%” e coisas do género é um erro grosseiro. Para chegar a esta conclusão podemos simplesmente usar o senso comum que nos dirá que é impossível que 1 em cada 5 crianças seja autista, mesmo quando a mãe é adolescente. Mas também podemos usar os números citados no artigo, que nos dizem que em média, o risco de autismo é de 0,6%, muito diferente dos riscos de dois dígitos que referem.
Caro Sr Fernando,
Excepto se o srtigo foi alterado, o que está escrito é que a probabilidade 18%, e não os 18%. Assumindo os 0.6% que você refere, o risco aumentará 18% sobre esses 0.6%, resultando em 0.708%.