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Agência Lusa e RTP expulsas da Guiné-Bissau

Général Umaro El Mokhtar Sissoco Embalo / Facebook

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

As delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP foram expulsas da Guiné-Bissau e os representantes têm que deixar o país até terça-feira, por decisão do Governo guineense.

O Governo da Guiné-Bissau decidiu o encerramento das emissões da RTP África, RDP África e Agência Lusa.

Não foram avançadas razões para esta decisão, que tem efeito a partir desta sexta-feira.

Em julho, o jornalista e delegado da RTP na Guiné-Bissau, Waldir Araújo, foi agredido e assaltado, no centro de Bissau, por desconhecido. Segundo o próprio, o ataque teria motivações políticas, conforme declarações proferidas pelos agressores, que terão acusado a RTP “de denegrir a imagem da Guiné-Bissau no exterior”.

As Direções de Informação de Lusa, RDP e RTP já repudiou a notícia: “Tal decisão só se pode enquadrar no continuado propósito do governo da Guiné-Bissau de silenciar os jornalistas que cumprem a função de informar. Trata-se de uma ação discriminatória e seletiva, configurando um ataque deliberado à liberdade de expressão”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) repudiou hoje a expulsão da agência Lusa, RTP e RDP da Guiné-Bissau, que classificou de “altamente censurável e injustificável”, e vai pedir explicações ao Governo guineense.

Face à “gravidade desta medida”, o ministro dos Negócios Estrangeiros “convocou imediatamente” o embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa para dar “explicações e esclarecimentos”, encontro que está agendado para sábado, lê-se num comunicado do MNE.

No comunicado, o executivo português afirma que, “ciente da importância do trabalho destes órgãos de comunicação social para as populações de ambos os países e para a comunidade lusófona em geral, tudo fará para reverter tal decisão”.

O MNE termina o comunicado afirmando que as “relações de Portugal com a Guiné-Bissau são e serão reflexo da profunda amizade entre os dois povos, constituindo uma prioridade da política externa portuguesa”, sublinhando que a “atuação do Governo é e será estritamente pautada pelo respeito pela soberania de ambos os Estados e pelo desígnio de melhorar a alta qualidade das relações recíprocas”.

Situação no país

A Guiné-Bissau está a pouco mais de três meses para as eleições gerais, marcadas para 23 de novembro.

O novo primeiro-ministro, Braima Camará, garantiu que o país irá realizar o escrutínio com meios próprios, sem depender de ajuda internacional. Até aqui, recorda a Deutsche Welle, o país dependia de apoios externos para financiar os processos eleitorais.

O recentemente empossado governo de iniciativa presidencial definiu como prioridade máxima a realização de eleições legislativas e presidenciais no país. “Estamos proibidos de falhar. Este processo é crucial para mostrar à comunidade nacional e internacional que estamos comprometidos com as orientações do Presidente da República”, afirmou Camará.

A composição do novo governo, com mais ministérios do que o anterior, tem sido alvo de críticas da oposição. “Com um governo desta dimensão, sem orçamento, sem programa, sem cronograma, vamos ter um Governo que vai trabalhar apenas nos palpites, que não é pragmático nem definido para o determinado fim“, considera o analista Augusto Nansambé.

Desde que o novo primeiro-ministro, Braima Camará, foi nomeado na semana passada e o elenco governamental constituído, os principais partidos guineenses continuam em silêncio, apesar de quase todos terem membros no Executivo.

Dos partidos e coligações a quem a Deutsche Welle pediu comentários aos últimos acontecimentos políticos na Guiné-Bissau, apenas a coligação Plataforma da Aliança Inclusiva se disponibilizou a falar.

António Samba Baldé, coordenador interino dos vencedores das últimas legislativas guineenses, diz ter suspeitas em relação a estas mexidas: “Mais uma vez, há uma tentativa do Presidente da República, supomos, de tentar adiar as eleições e perpetuar-se no poder, e achamos que isso é demais”.

O antigo primeiro-ministro Baciro Djá, da Aliança Patriótica Inclusiva, a mesma coligação política de Braima Camará, acusou o novo chefe do Governo de traição, ao assumir as funções.

Para mim não é primeiro-ministro, é diretor de campanha do presidente Umaro Sissoco Embaló, equiparado ao primeiro-ministro”, afirmou Baciro Djá. “E um primeiro-ministro que vem só resolver 1% dos preparativos para as eleições, acho que isso não é sério nem digno para ele”, concluiu.

ZAP // Lusa

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