É a ministra que decide até quando uma criança deve ser amamentada?

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José Coelho / Lusa

Maria do Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

A ministra do Trabalho justificou a proposta de um limite à amamentação, alegando que há mães que amamentam os filhos até mais tarde só para terem horário de trabalho reduzido. Mas há dados que o comprovem? E quem decide até quando é que uma criança deve ser amamentada?

Este domingo, numa entrevista ao Jornal de Notícias (JN) e TSF, a ministra do Trabalho alegou que há mães a amamentar os filhos até mais tarde só para terem horário de trabalho reduzido.

Maria do Rosário Palma Ramalho revelou não compreender o motivo pelo qual filho continua a ser amamentado depois dos dois anos em horário laboral da mãe.

Esta proposta de um limite à amamentação, que faz parte de um anteprojeto de revisão das leis do trabalho, restringe o direito ao horário reduzido na amamentação aos dois primeiros anos de vida do bebé.

Questionada sobre isso, a governante argumentou: “acho difícil de conceber que, depois dos dois anos, uma criança tenha que ser alimentada ao peito durante o horário de trabalho. Isso quer dizer que se calhar não come mais nada, o que é estranho. Ela deve comer sopa, deve comer outras coisas“.

“O exercício adequado de um direito não deve confundir-se com o exercício abusivo desse mesmo direito. Infelizmente, temos conhecimento de muitas práticas em que, de facto, as crianças parece que continuam a ser amamentadas para dar à trabalhadora um horário reduzido, que é duas horas por dia que o empregador paga, até andarem na escola primária”, acusou.

No entanto, apesar de a ministra ter alegado que há episódios de abusos, não apresentou dados que o comprovem. É precisamente essa falta de informação sobre o tema que levantou uma onda de críticas, nas últimas horas.

Além disso, quem decide até quando é que uma criança deve ser amamentada?

A Associação Portuguesa pelos Direitos das Mulheres na Gravidez e Parto acusa a ministra de ignorar as recomendações internacionais sobre a amamentação.

Em declarações à Antena 1, Sara do Vale, da associação, disse que “este tipo de afirmações demonstram uma falta de conhecimento profundo. Estamos incrédulas. Não há cuidado, não justiça social, não há dignidade humana“.

“Estas alegações de que as mulheres não podem usufruir de um direito que é seu são más e demonstram que o objetivo é só proteger os patrões e as empresas; e não investir nos trabalhadores, nas famílias e na natalidade”, defende.

José Luís Carneiro também acusou a ministra de desumanidade. O secretário-geral do PS encorajou Palma Ramalho a mostrar números concretos de casos em que os alegados abusos aconteceram.

“[A ministra] deve explicar quantos casos destes há no país e o que é que a inspeção da Segurança Social está a fazer para procurar e avaliar em que termos é que essas alegadas situações põem em causa o direito fundamental”, considerou.

“A desumanidade que tinha sido adotada em relação à lei de estrangeiros está também a ser adotada na matéria laboral e na proteção das mulheres e dos jovens; e numa desumanidade de que já não havia memória no nosso país“, acrescentou o socialista.

Miguel Esteves, ZAP //

16 Comments

  1. Não estou minimamente interessado se mamam ou não mamam. Que isso fique claro! Mas se a senhora que aparece ali com o sorriso malicioso no rosto é ministra da solidariedade então só posso dizer que foi muito mal mamada! É o que normalmente acontece aos viscondes … Desligam-se da humanidade!

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  2. Pelo que li, esta ministra é mãe de 2 filhas. Isso significa que deve saber mais sobre amamentação do que a maioria dos comentadores/criticos de ocasião.

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    • Eu também li que o papel aceita o que se lhe escrever … Ter duas filhas não significa grande coisa entre os viscondes. Eles acreditam ser de outra espécie e nem sequer mandam os filhos para as mesmas escolas que as massas não lavadas usam para se endoutrinarem!

      Diria que, baseado em factos oníricos, mas que, se vertidos em papel, ganham outra grandeza, a dita senhora nunca amamentou a sua prol e provavelmente tirou as duas da sua barriga através de cesariana feita em clínica privada em que o meu amigo apenas sonha aceder um dia …

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  3. Então, agora o que o goveno pretende é:
    1. Atestado de amamentação logo à nascença e de 6 em 6 meses.
    2. O bebé nasce, mas não tem nada que se por a manar; primeiro tem de apresentar atestado.
    3. A Mãe, se não dá mama, tem de ir trabalhar; e o bebé fica em casa em teletrabalho a tratar do seu próprio biberon, a aquecer o leite e já nasce ensinado para se sentar comodamente a agarrar no biberon sozinho, a mudar a fralda, a tomar banho, enquanto a Mãe foi p’ro trabalho absolutamente tranquila com as capacidades natas do bebé para se auto-nutrir.
    FANTÁSTICO!!, oh Montenegro!, e que Ganda ministrado Trabalho e Solidariedade que Portugal tem

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    • Há com cada idiota, não sabem o que falam ou propositadamente tentam fazer os outros de parvos. O direito mantém-se até aos 2 anos , depois disso os bebés não tem de beber leite na horário de trabalho da mãe. Nenhum bebê dessa idade se alimenta apenas de leite materno . Alem disso há bombas de leite e frigoríficos para o conservar

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  4. Se a mãe quer continuar a amamentar que o faça, mas não tem é que esperar que o empregador pague por isso! Aliás, horário reduzido até aos 2 anos, por si só, já é absurdo.

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  5. O que é um facto é que há mulheres que, para trabalharem menos 2 horas por dia, dizem que amamentam o filho até aos 6 anos.
    Muito comum na Função Pública.
    É preciso por cobro a estas fraudes.

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    • O amigo deve ser daqueles que n\ao tem onde cair mortos e porque de vez em quando pagam imposto já se consideram patrões dos funcionários públicos. Quando falar em funcionários públicos informe-se primeiro, n\ao seja tão ignorante.

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  6. Querem é mama.. Mas se forem para as manifs até se esquecem da criancinha…

    Haja regras. E 2 anos parece razoável.

  7. O que esperavam desta geringonça nova, acho muito bem que assim seja e ainda a procissão vai no adro. Depois não se queixem..

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  8. As maes aproveitam estas brechas na lei para terem 2 horas pagas pelo empregador. Por mim até podiam dar de mamar aos filhos até ais 18 anos mas o Estado que pague. Depois admiram -se das mulheres terem mais dificuldades em arranjar emprego ou serem pior pagas . Há uma coisa chamada justiça e amamentar um filho até aos 5 ou 6 anos não é justo para o empregador. Não importa se estatisticamente são números irrelevantes para cada empregador que tenha uma mulher que não trabalha duas horas por dia durante uma semana é muito. Há que acabar com estes resquícios comunistas e socialistas da nossa legislação.

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  9. Eu só acho que Portugal não ajuda nem incentiva a ter filhos… depois dizem que precisamos de emigração para aumentar o número de jovens… a sério, que raio de estratégia absurda é esta?!

  10. A mãe que quer continuar a dar o seu leite ao bebé, só tem que o deixar tirado para que ele o tome pelo biberón. Mais de 2 anos parece un verdadeiro abuso. Estou inteiramente de acordo com estas medidas que visam acabar com os abusos.

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