Vacina experimental contra a (mortal) candidíase avança em Portugal

Testes pré-clínicos foram promissores e perspetiva-se ensaios em humanos. Doença mata um milhão de pessoas por ano.

A candidíase invasiva é uma infeção fúngica que pode ser fatal para doentes imunocomprometidos – quem passa por transplantes ou quimioterapia, por exemplo.

As infeções mais frequentes surgem nos genitais, dobras da pele, unhas, boca e sistema digestivo. Em pacientes com imunidade baixa, pode entrar na corrente sanguínea, infetando órgãos internos e provocando candidíase invasiva.

A candidíase invasiva afeta 1.5 milhões de doentes por ano. E é fatal para dois terços dos infetados: cerca de um milhão de pessoas morre anualmente.

Agora, está a ser desenvolvida em Portugal uma vacina contra essa doença.

Cientistas da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), após várias tentativas, criaram uma nanopartícula esférica de gordura (lipossoma), que transporta e apresenta duas proteínas do fungo Candida albicans ao sistema imunitário. Este reconhece-as e ataca o fungo quando o volta a ver.

“Estas infeções são difíceis de diagnosticar atempadamente e de tratar, devido à toxicidade e resistência aos antifúngicos, mas a nossa vacina experimental conseguiu estimular o sistema imunitário a reconhecer e combater o fungo; acreditamos por isso que pode vir a reduzir a mortalidade, os internamentos prolongados e os custos associados, podendo ser um avanço importante na proteção de doentes em risco”, explica a investigadora Paula Sampaio, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da ECUM.

Os cientistas já testaram a vacina em animais, com sucesso: nos ensaios pré-clínicos, animais vacinados registaram menos sintomas, maior taxa de sobrevivência e melhoria do estado geral do organismo após infeção.

Seguem-se testes clínicos em humanos, para aferir a segurança e eficácia da vacina.

A Organização Mundial de Saúde colocou o Candida albicans entre os fungos mais urgentes na pesquisa científica e médica.

“A candidíase é uma infeção oportunista, por vezes confundida com outras condições, o que dificulta o diagnóstico e reduz a perceção pública da sua gravidade; a ausência de campanhas de sensibilização e o fraco conhecimento geral sobre infeções fúngicas também levam a que seja subvalorizada no debate sobre saúde pública”, avisa Paula Sampaio.

O essencial, mais do que diagnósticos eficientes, é ter terapias que salvem mais pessoas.

ZAP //

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