Teste bem sucedido com ratinhos dá esperança a casais gay que querem ter filhos biológicos

Pela primeira vez, ratinhos com dois pais tiveram filhos, o que representa um passo significativo no sentido de permitir que dois homens possam ter filhos com os quais estão ambos geneticamente relacionados.

A ciência ficou um passo mais perto de permitir que dois homens tenham os seus próprios filhos genéticos, depois de dois ratos com dois pais terem tido filhos.

Investigadores da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China, conseguiram a proeza ao juntar dois espermatozóides num óvulo cujo núcleo tinha sido removido.

Como detalha o estudo publicado na segunda-feira na PNAS, a equipa utilizou um método chamado edição do epigenoma para reprogramar sete locais no ADN do esperma, necessários para permitir o desenvolvimento do embrião.

Dos 259 embriões que foram transferidos para ratinhos fêmeas, apenas duas crias – ambas do sexo masculino – sobreviveram e cresceram até à idade adulta.

A boa notícia é que ambos foram pais de descendentes – que pareciam normais em termos de tamanho, peso e aparência – depois de acasalarem com as fêmeas.

Como escreve a New Scientist, criar ratinhos com dois pais revelou-se muito mais difícil do que criar ratinhos com duas mães. O nascimento do primeiro ratinho fértil com duas mães, Kaguya, foi registado em 2004.

Em 2022, a equipa do novo estudo conseguiu criar ratinhos sem pai da mesma forma, utilizando apenas a edição do epigenoma, que não altera a sequência do ADN. Este mesmo método foi utilizado para criar os ratinhos sem mãe.

O problema do imprinting

A razão pela qual é um feito tão significativo criar mamíferos com dois pais ou duas mães deve-se a um fenómeno chamado imprinting, que está relacionado com o facto de a maioria dos animais ter dois conjuntos de cromossomas, um herdado da mãe e outro do pai.

No caso de Kaguya, os investigadores contornaram os problemas eliminando parte de um gene para tornar a atividade genética geral mais normal. Mas criar ratinhos com dois pais requer muito mais alterações.

No início deste ano, outra equipa na China conseguiu que alguns ratinhos com dois pais crescessem até à idade adulta depois de fazer 20 modificações genéticas para normalizar a sua atividade genética, mas estes ratinhos não eram totalmente saudáveis nem férteis.

Apesar de a correção da atividade dos genes através da modificação genética seja útil para estudar o imprinting em animais de laboratório, esta técnica seria reprovável em pessoas, até porque os efeitos das alterações genéticas não são totalmente compreendidos.

Além disso, alertam os especialistas à New Scientist, se alguma vez forem criados bebés humanos com dois pais desta forma, seriam tecnicamente três pais – isto porque as mitocôndrias nas suas células, que contêm uma pequena quantidade de ADN, seriam provenientes da dadora de óvulos.

ZAP //

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