Um novo estudo descobriu que os psicopatas apresentam alterações em áreas específicas do cérebro que lidam com aspetos como o controlo dos impulsos e a regulação emocional. Isto pode ajudar a formular estratégias de tratamento e reabilitação direcionadas.
Os psicopatas parecem ser contradições ambulantes, exibindo um comportamento antissocial (por vezes extremo) e mantendo-se do lado certo de um diagnóstico de “insanidade”.
Mas, como um dos mais fortes preditores de comportamento agressivo e violento, é importante ser capaz de diagnosticar com precisão a psicopatia, especialmente no contexto forense.
Um estudo publicado no final de maio na Springer Nature permitiu compreender melhor a psicopatia, utilizando imagens cerebrais avançadas para identificar as alterações estruturais que ocorrem no cérebro de indivíduos diagnosticados com psicopatia.
Como escreve a New Atlas, os investigadores centraram-se na questão de saber se os diferentes traços psicopáticos podem ser associados a diferentes regiões do cérebro.
A psicopatia foi medida utilizando a Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R), uma escala de 20 itens pontuada a partir de informações de entrevistas e ficheiros, que tem dois Fatores principais:
- Distanciamento emocional (por exemplo, falta de culpa ou empatia, charme superficial, manipulatividade).
- Comportamento antissocial (por exemplo, desvio desde tenra idade, agressão, impulsividade, irresponsabilidade, tendência para o tédio).
Os 20 itens são classificados numa escala de três pontos, de zero a dois, com base no grau de correspondência entre a personalidade ou o comportamento do sujeito e a descrição do item, o que dá origem a uma pontuação total.
Os investigadores selecionaram 39 homens com uma pontuação PCL-R de 20 ou superior de instituições forenses alemãs, incluindo prisões e hospitais psiquiátricos seguros. Foram comparados com indivíduos de controlo não psicopatas. Todos os participantes foram submetidos a exames cerebrais de ressonância magnética.
Os investigadores descobriram que, em relação ao Fator 1 do PCL-R, existiam apenas associações fracas e inconsistentes com a estrutura cerebral.
Algumas pequenas áreas cerebrais, especialmente no córtex orbitofrontal e no hipocampo, mostraram alguma correlação. No entanto, os resultados não foram estatisticamente robustos – o que sugere que estas caraterísticas podem envolver circuitos cerebrais mais complexos ou variados ou podem não refletir alterações estruturais do cérebro.
A resposta está no Fator 2
No entanto, quando foi a vez de analisar o Fator 2, verificaram-se, sim, associações negativas claras e generalizadas com o volume cerebral.
As principais áreas afetadas incluíam o tálamo, os gânglios basais, o tronco cerebral e o córtex insular, conhecidos por estarem envolvidos no controlo dos impulsos, na regulação emocional e na inibição comportamental.

As regiões coloridas mostram onde o volume cerebral foi associado ao estilo de vida desviante e ao comportamento antissocial em indivíduos com traços psicopáticos
Como é o cérebro de um psicopata?
A investigação concluiu que os indivíduos psicopatas têm um volume cerebral total mais pequeno, cerca de 1,45% menos do que os indivíduos não psicopatas.
Isto verificou-se especialmente no córtex, no subículo direito (uma parte do hipocampo), no cingulado anterior e nos córtices insulares – áreas fulcrais para o comportamento social, as emoções e o auto-controlo.
Como escreve a New Atlas, os resultados do estudo ajudam a reforçar o facto de os traços impulsivos e anti-sociais da psicopatia estarem ligados a diferenças cerebrais reais e mensuráveis, particularmente nos circuitos responsáveis pela regulação do comportamento.
A compreensão das regiões cerebrais associadas a diferentes traços psicopáticos pode impulsionar o desenvolvimento de terapias e estratégias de reabilitação.
Além disso, o conhecimento das anomalias estruturais, como as identificadas no estudo, pode melhorar a avaliação do risco de comportamento violento ou antissocial, especialmente em contextos forenses.