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Lord William Rothschild com a sua carruagem puxada a zebras, 1890.
Há cerca de 4 mil anos, o ser humano domesticou o cavalo, ainda que a zebra fosse o animal mais predominante em África, região onde nasceu a vida na terra. Afinal, porque é que o ser humano não domesticou mais animais? Por seis motivos diferentes.
Os cavalos e as zebras até são animais bastante parecidos. Por algum motivo, os humanos domesticaram os cavalos, que usam para benefício próprio até hoje; a zebra, se calhar mais afortunada, teve destino diferente, nota o Live Science.
Na realidade, há seis fatores que explicam por que motivo determinadas espécies foram domesticadas, enquanto outras, como o rinoceronte ou o tigre, foram simplesmente ignoradas pelos nossos ancestrais, explica o fisiologista e geógrafo Jared Diamond no seu livro “Guns, Germs and Steel” .
Em primeiro lugar, os animais domesticáveis não podem ser demasiado caprichosos com a alimentação: devem ser capazes de sobreviver mesmo com escassas fonte de nutrientes, tal como ervas e outros alimentos habitaulemnte dados aos animais.
É por essa razão que a maioria dos carnívoros não foram vistos com bom olhos: os humanos preferiram animais herbívoros, como as vacas e as ovelhas, que conseguem pastar e alimentar-se dos excedentes de cereais.
Em segundo lugar, os animais devem atingir a maturidade rapidamente em comparação com a vida humana. Não podemos desperdiçar demasiado tempo a alimentar e a cuidar de um animal antes que cresça o suficiente para ser útil como força de trabalho ou abatido.
A incapacidade de cumprir este requisito impediu os elefantes de serem domesticados; ainda assim, foram usados em combate como montarias, mas nunca foram criados sistematicamente em cativeiro.
O terceiro critério de escolha é a capacidade de reprodução em cativeiro. Animais que adotam comportamentos territoriais durante o acasalamento, como as antílopes, não podem ser mantidos em recintos fechados.
Os antigos egípcios tentaram fazer das chitas animais de estimação, mas estes felinos não se reproduzem sem rituais de acasalamento elaborados, que implicam correr longas distâncias em conjunto.
Em quarto lugar, os animais domesticáveis devem ser dóceis por natureza. Por exemplo, a vaca e a ovelha são geralmente calmas, mas o búfalo africano é um animal muito imprevisível e extremamente perigoso para os humanos.
De forma semelhante, a zebra, embora esteja intimamente relacionada com o cavalo, é geralmente muito mais agressiva, o que pode explicar porque só foi domada em casos muito raros.
O quinto critério que determina se uma espécie é domesticável é a sua propensão para entrar em pânico e fugir quando assustados.
Isto exclui a maioria das espécies de cervos e gazelas, que têm temperamento nervoso — já para não falar de uma impressionante capacidade de saltar, que lhes permite escapar por cima de cercas altas.
As ovelhas, embora também sejam nervosas, têm um instinto de rebanho que as leva a manter-se juntas quando se sentem ameaçadas, o que permite que sejam pastoreadas.
Por fim, com exceção do gato, todos os principais animais domesticados seguem uma hierarquia social com um líder forte no topo — o que permite que os ensinemos facilmente a reconhecer o ser humano como líder do grupo.
Então, o que explica que os humanos tenham conseguido domesticar os gatos? Talvez uma anedota conhecida nos dê uma pista:
“Qual é a diferença entre os cães e os gatos? Os cães olham para um humano, e pensam: este ser dá-me de comer, trata de mim, faz-me festas… deve ser um Deus. Já os gatos olham para o mesmo humano e pensam: este ser dá-me de comer, trata de mim, faz-me festas… eu devo ser um Deus“.
Conclusão: na verdade, foram os gatos que domesticaram os humanos.