EUA atacaram Irão. “A guerra começa agora”

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Carlos Barria ; POOL/EPA

O presidente dos EUA, Donald Trump, com o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth (à direita), o vice-presidente dos EUA, JD Vance (à esquerda) e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio (à direita), discursam à nação na Casa Branca, em Washington, DC, EUA, após ataques do país ao Irão.

Bombardeiros B-2 atacaram “as principais instalações de enriquecimento nuclear do Irão” que foram “total e completamente destruídas”, disse Trump. Irão já fala em “resposta legítima em autodefesa”.

O conflito entre Israel e Irão escalou esta madrugada, ao nível que já se esperava: os EUA atacaram o Irão de surpresa e entraram oficialmente na guerra ao lado de Israel.

Foi o Presidente norte-americano, Donald Trump, que anunciou que os EUA atingiram “com sucesso” três instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Esfahan —, com recurso a seis bombas e 30 mísseis tomahawk, deixando-as “total e completamente destruídas”, disse Trump em discurso esta noite, em que deixou novas ameaças ao Irão.

Os bombardeiros B-2, vistos este sábado a sair dos EUA em direção a Guam, foram usados nos ataques. Os caças furtivos são considerados os únicos capazes de concretizar os objetivos de Israel de destruir as instalações nucleares do Irão. Fontes da CNN dizem que os EUA usaram a GBU-57 Massive Ordnance Penetrator, uma bomba “perfuradora de bunkers” — lembre-se que o Líder Supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, que Israel quer eliminar, se encontra escondido num bunker desde o início dos ataques israelitas.

Trump tinha dito na quinta-feira que iria esperar para decidir nas próximas duas semanas se entraria na guerra. Esta sexta-feira, reformulou o que disse e garantiu que podia decidir antes do prazo. Horas depois, atacou território iraniano e, antes autoproclamado “fazedor de paz”, recusa-a, ao anunciar novos ataques com ameaças ao Irão.

Na sequência dos “ataques maciços e de precisão” norte-americanos, a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) garantiu que “até ao momento não foi registado qualquer aumento dos níveis de radiação fora das três instalações nucleares”.

Irão: “a guerra começa agora”

O Irão lançou de imediato mísseis contra Israel como resposta, e os israelitas ripostaram. O regime do Irão desmente que o impacto dos ataques tenha sido tão massivo, classificando-os como “superficiais”, especialmente para Fordow, a fortaleza nuclear que se esconde nas montanhas.

Mas “a guerra começa agora”, assegurou o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), o principal braço do exército de Teerão, segundo a Euronews.

Qualquer cidadão ou militar americano na região é agora um alvo do Irão, ouviu-se em declaração da televisão estatal daquele país.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que os Estados Unidos lançaram uma “guerra perigosa”.

“É agora muito claro para todos que o regime que goza de estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança não respeita qualquer princípio ou moralidade e não se coíbe de qualquer ilegalidade ou crime para servir os objetivos de um regime de ocupação genocida”, afirmou o ministério, referindo-se aos Estados Unidos e depois a Israel.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano classificou os ataques como uma “violação flagrante e sem precedentes dos princípios mais fundamentais da Carta das Nações Unidas e das normas do direito internacional”.

Considerou que estes ataques, efetuados em “conluio criminoso” com Israel, “demonstram uma vez mais a profunda depravação e corrupção moral que rege as políticas dos EUA”. E a República Islâmica do Irão “reserva-se o direito de resistir com toda a força” à agressão dos EUA.

O ministro os Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, declarou anteriormente que o Irão se reserva “todas as opções” para se defender após o ataque dos EUA às suas instalações nucleares, que, segundo o próprio, “terá consequências duradouras”.

“De acordo com a Carta das Nações Unidas e as suas disposições que permitem uma resposta legítima em autodefesa, o Irão reserva-se todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo”, afirmou na X Araqchi.

Netanyahu agradece ao “corajoso” Trump

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, agradeceu a Trump, pelo “corajoso” ataque norte-americano às instalações nucleares iranianas, afirmando que este criou um “ponto de viragem histórico” que poderá conduzir o Médio Oriente à paz.

“Agradeço-lhe, o povo de Israel agradece-lhe”, disse Netanyahu numa mensagem de vídeo dirigida ao presidente norte-americano.

“A sua decisão corajosa de atacar as instalações nucleares do Irão com o poder impressionante e justo dos Estados Unidos vai mudar a história”, acrescentou Netanyahu.

“O Presidente Trump e eu costumamos dizer: a paz através da força”, continuou: “Primeiro vem a força, depois vem a paz. E esta noite, o Presidente Trump e os Estados Unidos atuaram com grande força”, acrescentou o israelita.

O discurso de Trump, na íntegra

O nosso objetivo era a destruição da capacidade de enriquecimento nuclear do Irão e pôr fim à ameaça nuclear representada pelo Estado patrocinador do terrorismo número um do mundo.

Esta noite, posso comunicar ao mundo que os ataques foram um êxito militar espetacular. As principais instalações de enriquecimento nuclear do Irão foram total e completamente destruídas.

O Irão, o valentão do Médio Oriente, tem agora de fazer a paz. Se não o fizer, os futuros ataques serão muito maiores e muito mais fáceis.

Durante 40 anos, o Irão tem vindo a dizer “Morte à América, morte a Israel”. Têm andado a matar o nosso povo, a rebentar-lhes os braços, as pernas, com bombas à beira da estrada. Essa era a sua especialidade. Perdemos mais de 1.000 pessoas e centenas de milhares em todo o Médio Oriente e em todo o mundo morreram como resultado direto do seu ódio em particular. Muitos foram mortos pelo seu general, Qassem Soleimani [Antigo comandante da Força Quds, uma unidade do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, responsável por operações militares clandestinas fora do Irão, morto por um drone norte-americano em 2020]. Há muito tempo que decidi que não deixaria que isto acontecesse. Não vai continuar.

Quero agradecer e felicitar o primeiro-ministro Bibi Netanyahu. Trabalhámos em equipa como talvez nunca nenhuma equipa tenha trabalhado antes, e fizemos um longo caminho para eliminar esta terrível ameaça a Israel. Quero agradecer aos militares israelitas pelo excelente trabalho que realizaram. E, mais importante ainda, quero felicitar os grandes patriotas americanos que pilotaram estas magníficas máquinas esta noite, e todos os militares dos Estados Unidos por uma operação como o mundo não via há muitas, muitas décadas.

Esperamos não voltar a precisar dos seus serviços nesta capacidade. Espero que assim seja. Quero também felicitar o Presidente do Estado-Maior Conjunto [norte-americano], o general Dan “Razin” Caine, um general espetacular, e todas as mentes militares brilhantes envolvidas neste ataque.

Dito isto, isto não pode continuar. Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irão, muito maior do que aquela a que assistimos nos últimos oito dias. Lembrem-se, ainda há muitos alvos. O desta noite foi o mais difícil de todos, de longe, e talvez o mais letal. Mas se a paz não chegar rapidamente, iremos atrás desses outros alvos com precisão, velocidade e habilidade. A maioria deles pode ser eliminada numa questão de minutos. Não há nenhum exército no mundo que pudesse ter feito o que fizemos esta noite. Nem de perto. Nunca houve um exército que pudesse fazer o que aconteceu há pouco tempo.

Amanhã, o general Caine e o secretário da Defesa, Pete Hegseth, darão uma conferência de imprensa às 08 da manhã no Pentágono. E quero agradecer a toda a gente. E, em particular, a Deus. Quero apenas dizer que te amamos, Deus, e amamos os nossos grandes militares. Protege-os. Deus abençoe o Médio Oriente. Deus abençoe Israel e Deus abençoe a América. Muito obrigado.

Mais tarde, o presidente norte-americano alertou que qualquer retaliação de Teerão contra os EUA seria recebida com “uma força muito maior do que a que foi testemunhada esta noite”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Estados assassinos da América em mais uma das suas incursões criminosas. E não digo isto porque concorde com o regime iraniano. Mas porque mais uma vez os EUA, neste caso, em uníssono com Israel decidiram espicaçar a paz mundial…

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  2. Irã assassino em mais uma das suas incursões criminosas contra Israel. E não digo isto porque concordo com o regime israelita. Mas porque mais uma vez Teerã, neste caso, em uníssono com os terroristas decidiram espicaçar a paz mundial… Discursos vazios e sem sentido são os mais fáceis de serem reescritos.

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