Ann Rosener / Wikimedia Commons

Mulher entrega gordura num talho, enviada para o Comité de Gordura. No balcão, um cartaz: “Donas de casa! Guardem os restos de gordura para explosivos”
Donas de casa: não deitem fora os restos de gordura. Assim pedia a publicidade dos anos 40 nos EUA. A glicerina fazia a guerra, mas o patriotismo muito mais.
“Uma frigideira com gordura de bacon é uma pequena fábrica de munições”, contavam os desenhos animados da Disney nos tempos da Segunda Guerra Mundial, nos EUA.
Numa época em que a propaganda estava por toda a parte, até o bacon era um símbolo patriótico norte-americano — e quem o doasse ao Estado era um benfeitor.
“Todos os anos são desperdiçados 900 mil toneladas de gordura de cozinha — gordura suficiente para produzir 4,5 mil milhões de cartuchos de artilharia“, continuava o desenho animado. E não estava sozinho: vários panfletos e anúncios divulgavam o mesmo.
Acreditava-se na altura que meio quilo de gordura continha glicerina suficiente para produzir cerca de meio quilo de explosivos.
O que tinham de fazer as donas de casa? Doar gordura. Sim, em vez de deitar fora o líquido que resultou da confeção de um dos ingredientes preferidos dos americanos, as mulheres deviam guardá-la num recipiente.
Quando tivessem acumulado pelo menos meio quilo, deveriam entregá-lo a um dos 250 mil talhos e comerciantes de carne participantes, que o entregavam por sua vez ao Comité Americano de recuperação de Gordura, recorda o The Atlantic.
É claro que a contribuição era maioritariamente simbólica: a gordura doada pelas cerca de metade das donas de casa da época que aderiram era residual para a produção de armas, mas aumentava o patriotismo destas mulheres, que se sentiam produtivas para o esforço de guerra.