O Auckland City é a única equipa amadora a participar no torneio que vai distribuir milhões. O futebol não lhes paga as contas, pelo contrário, é algo que sempre foi feito pelo amor ao desporto.
O clube, fundado apenas em 2004, já foi campeão da Liga dos Campeões da Oceânia por 13 vezes, com a mais recente conquista a 12 de abril de 2025, após vencer por 2-0 na final o Hekari United FC, clube da Papua-Nova Guiné.
É graças a essa conquista que o clube da Oceânia recebe o convite para disputar o prestigiado Mundial de clubes, que era uma competição anual. Agora, vai passar a ser semelhante ao Mundial de seleções, que acontece a cada 4 anos.
Mas engana-se quem pensa que todas estas conquistas equivalem a dinheiro. Pelo contrário, o clube ainda é amador e todos os seus jogadores têm uma profissão que normalmente seria a sua fonte de rendimento.
Esta é a 13º participação no mundial de clubes da equipa da cidade de Auckland — que, com cerca de 1 milhão e 400 mil habitantes, tem 30% da população total da Nova Zelândia.
Apesar do que pode parecer uma vasta experiência neste tipo de competição, o número elevado de participações no antigo formato do Mundial de clubes não consegue mascarar o fraco desempenho do clube.
É fácil perceber porque o Auckland City nunca sequer chegou à final, apesar do seu elevado número de participações.
Os seus jogadores levam o futebol apenas como uma paixão, não pelo dinheiro. Alguns são professores, outros agentes imobiliários e há até quem distribua Cola-Cola — casos que parecem até caricatos, mas são reais.
Futebol Profissional na Oceânia
Mas então não há clubes profissionais de futebol na Nova Zelândia?
Sim, há dois: o Wellington Phoenix FC e o Auckland FC, clubes profissionais que, apesar de neozelandeses, disputam o campeonato australiano, filiado na Federação Asiática (AFC).
Os dois clubes procuraram um campeonato mais competitivo — um pouco à semelhança do que acontece com a própria Austrália, que em 2006 mudou da federação da Oceania para a AFC, à procura de adversários mais difíceis, e começou a participar na Taça Asiática com os países orientais.
Existe uma proposta para criar uma Superliga da Oceânia, com o objetivo de proporcionar melhores condições aos clubes pequenos; o problema é que até agora a ideia não passou do papel.
O guarda redes da equipa, Conor Tracey, afirmou que teve de pedir dias não remunerados para poder treinar, com objetivo de chegar ao Mundial de Clubes preparado para defender os remates dos temíveis avançados de alguns dos melhores clubes do mundo que vai enfrentar.
“Tenho de fazer uma combinação de férias anuais e licença sem vencimento, por isso vou ter algumas dificuldades a pagar as despesas e isso, mas se significa que posso jogar contra o Bayern, Benfica e Boca, por mim vale a pena, 100%”, disse Tracey.
“Nós representamos os 99% de clubes do mundo que são amadores. Sabemos que há muitas emoções em grandes jogos de futebol como os que vamos ter ” disse Adam Mitchell, o vice capitão da equipa.
Para sorte do “pequeno” clube, só de participar na primeira edição do novo Mundial de clubes, já vai assegurar cerca de 3,5 milhões de dólares.
O primeiro jogo, que acabou com um impressionante placar de 10-0 a favor do Bayern, já provou que estes amadores ainda têm muito trabalho pela frente — especialmente se querem ter um final como o de David e derrotar o Golias.