O pior país do mundo para dar à luz: uma mulher morre a cada 7 minutos

Culturas pouco instruídas, falta de médicos e equipamento precário nos hospitais são grandes obstáculos a ultrapassar na Nigéria.

Em 2023, a Nigéria foi responsável por mais de um quarto – 29% — de todas as mortes maternas a nível mundial, noticia a BBC. Estima-se que 75.000 mulheres morram durante o parto num ano, o que corresponde a uma morte por cada sete minutos.

Obstrução do parto, a hipertensão arterial e os abortos inseguros, que muitas vezes provocam grandes hemorragias, estão no topo do problema.

“Nenhuma mulher merece morrer enquanto dá à luz um filho”, diz Mabel Onwuemena, coordenadora nacional da Women of Purpose Development Foundation.

E um grande problema passa pela educação, ou falta dela. Muitas mulheres, em especial nas zonas rurais, acreditam que “visitar hospitais é uma total perda de tempo”, diz Onwuemena, e escolhem “remédios tradicionais em vez de procurar ajuda médica, o que pode atrasar os cuidados que salvam vidas”.

E depois há a questão de os cuidados médicos serem demasiado precários. “Muitas instalações de cuidados de saúde não dispõem de equipamento básico, materiais e pessoal formado, o que dificulta a prestação de um serviço de qualidade”.

“Quando estava a ter o meu quarto filho, houve complicações durante o parto. A parteira local aconselhou-nos a ir ao hospital, mas quando lá chegámos, não havia nenhum profissional de saúde disponível para me ajudar. Tive de voltar para casa e foi lá que acabei por dar à luz”, explica Jamila Ishaq, uma jovem de 28 anos que espera o quinto filho. “Sinceramente, não confio muito nos hospitais, há demasiadas histórias de negligência, especialmente nos hospitais públicos”.

O governo nigeriano gasta 5% do seu Orçamento de Estado em Saúde (tinha-se comprometido a gastar 15%).

Em novembro passado, o governo nigeriano lançou a fase piloto da Iniciativa de Inovação para a Redução da Mortalidade Materna (Mamii). Esta iniciativa deve abranger 172 áreas governamentais locais em 33 estados, que são responsáveis por mais de metade de todas as mortes relacionadas com o parto no país.

“O seu sucesso depende de um financiamento sustentado, de uma implementação eficaz e de uma monitorização contínua para garantir que os resultados pretendidos são alcançados”, ressalta, no entanto Martin Dohlsten, do gabinete nigeriano da Unicef.

Depois da Nigéria, a mortalidade materna durante os partos é também preocupante no Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Libéria, Somália, Afeganistão, Benim e Guiné-Bissau.

ZAP //

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