Comem tijolos, cabelo ou tinta: o que é a alotriofagia, ou “síndrome de pica”

Pessoas com este distúrbio alimentar ingerem substâncias que não era suposto serem comidas. Nome vem de pássaro.

Papel, sabão, pano, cabelo, lã, terra, giz, pó de talco, tinta, metal, pedras, carvão, cinzas, argila, amido, gelo. Ou até tijolos.

“Tive desejo de comer arroz cru e terra vermelha, mas acabei por engolir um pedaço de tijolo durante a gravidez” – este é um dos relatos no UOL sobre alotriofagia, ou “síndrome de pica”.

Pessoas com este distúrbio alimentar ingerem substâncias não nutritivas, que não era suposto serem comidas. Comem estes produtos durante, pelo menos, um mês.

O nome vem de um pássaro, o “pica-pica”, ou pega-rabuda, que tem uma dieta variada e tem tendência a comer o que lhe aparecer à frente.

Este comportamento prejudica a saúde física e afecta aspectos psico-sociais da pessoa com esse distúrbio.

Costuma estar ligada a deficiências nutricionistas de vitaminas ou minerais, principalmente zinco e ferro. Mas, obviamente, também pode estar ligado a transtornos mentais. Costuma ter uma origem multi-factorial, explica a Lusíadas.

Não é um síndrome frequente. Aliás, nem há estatísticas globais – embora mulheres grávidas e crianças sejam as mais afectadas. No caso das crianças, o transtorno pode aparecer em casos de fraco suporte emocional e deficit nutricional.

Quem passa por esse transtorno tende a sofrer sozinho durante um longo período; às escondidas, sem procurar ajuda (que deve ser requisitada, sobretudo junto de psicólogos ou psiquiatras).

Em alguns casos passam por problemas maiores quando comem objectos pontiagudos que podem causar perfurações; ou itens mais duros que podem originar lesão nos dentes e no esófago.

Não há um tratamento padrão para a síndrome de pica. Cada doente terá as suas necessidades específicas. Mas a prática clínica sugere três pontos principais: correção do deficit nutricional; psicoterapia; e medicamentos.

Pode surgir um diagnóstico psiquiátrico associado: depressão, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno de ansiedade.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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