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Para brincar a sorrir, uma criança não precisa de muitos brinquedos

De onde surgiu a ideia de que é preciso estar sempre a comprar brinquedos? A “sociedade de hiperconsumo” em análise.

O assunto não é novo e esta não será a última vez em que este tema surge num artigo. Mas voltou a ser comentado há pouco tempo por causa do apagão, e o que fazer sem luz quando há crianças em casa.

O tema é: a quantidade de brinquedos que uma criança deve ter.

Claro que cada criança é uma criança. Porque cada pessoa é uma pessoa. E cada casa é uma casa, cada família é uma família… Por aí fora.

A criança gosta de brincar e aprende ao brincar. Aprende a estar em sociedade, aprende a comunicar, aprende valores. É uma ponte com o mundo.

A criança precisa de brincar muito – mas precisa de muitos brinquedos? Não.

A psicóloga infantil Giovana Ventura admite que, sim, dar um brinquedo à criança é um gesto bonito, de carinho, que a criança aprecia (e guarda memórias especiais).

Mas, continua, “o ritual de receber, desembrulhar e descobrir o que está dentro daquela caixa de presente não deve ser incentivado para a criança como mais especial do que o próprio brincar”.

Afinal, de onde surgiu esta ideia de que é preciso consumir sem parar? “Vivemos, inegavelmente, numa sociedade de hiperconsumo”, responde, no portal Criança e Consumo.

A publicidade dirigida aos mais novos é um ponto central neste assunto. Ao ver tantos anúncios de brinquedos, as crianças ficam mesmo com a ideia de que precisam daqueles brinquedos todos para se divertirem. E as crianças são “hipervulneráveis e ainda não têm a capacidade de compreender o objetivo persuasivo da publicidade”.

Ainda há outro problema: a diferença de rendimentos. As crianças pobres não têm acesso aos brinquedos que quiserem. “O brincar estritamente vinculado ao ato de consumir acaba por se tornar mais uma ferramenta de distinção social, que agrava desigualdades”.

Portanto, não. Apesar de brincar ser algo automático na infância (é uma relação obrigatória), a criança não precisa de muitos brinquedos.

Até porque qualquer coisa, qualquer momento, serve para brincar. Algo que encontrou na natureza, o resto de um papel rasgado, ou… pessoas. Só. Mãe e pai, na maioria das vezes. Basta a presença daquelas duas referências. Já é uma diversão plena.

“Consumir e brincar não precisam – nem devem – andar necessariamente de mãos dadas”, salienta Giovana. Convém incentivar a brincadeira, não a compra.

ZAP //

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