Por favor não agradeça ao ChatGPT!

Nem sempre é boa ideia ser amável ou bem educado. Agradecer ao ChatGPT, ou a qualquer outra IA que nos deixe particularmente satisfeitos, gasta energia — a usada pela IA para nos responder. Esqueça a boa educação: o planeta agradece.

A OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, regressou ao centro do debate tecnológico por uma razão inesperada: o custo económico da cortesia digital.

Uma simples expressão como “obrigado” ou “por favor “ pode ter um impacto, ainda que mínimo, no consumo de energia dos seus sistemas — multiplicado pelos milhões de vezes que tem que o fazer.

A polémica foi desencadeada por um post do CEO da OpenAI, Sam Altman, que brincou na rede social X sobre quanto custa à empresa ser educada com os seus utilizadores.

Dezenas de milhões de dólares bem gastos. Nunca se sabe”, escreveu no X/Twitter, abrindo a porta a múltiplas interpretações — em particular sobre o que quereria dizer Altman com o “nunca se sabe”.

O valor exato da cortesia

À parte o tom alegre de Altman, a verdade é que acrescentar palavras de cortesia a uma conversa no ChatGPT significa utilizar mais recursos computacionais. Cada termo adicional traduz-se em novos tokens, que são as unidades mínimas de que o modelo necessita para processar um pedido, explica o El Confidencial

Segundo cálculos efetuados pelo TechSpot com base nas taxas de processamento actuais do GPT-3.5 Turbo, o custo é de 0,0013 euros por 1.000 tokens de entrada e 0,002 euros por 1.000 tokens de saída.

Assim, as expressões de cortesia com que a IA responde à nossa amabilidade podem custar tão pouco como 0,0000015 euros por interação. Mesmo assim, aplicado a milhões de utilizadores diários, o valor total do gasto de energia é significatovo.

Com base nas estimativas do Techspot, a utilização de frases educadas pode custar cerca de 350 euros por dia, o equivalente a cerca de 130 mil euros por ano. Embora a quantia não seja irrelevante, está muito longe das “dezenas de milhões” mencionadas por Altman, cuja frase não pode ser tomada como um cálculo literal.

Faz sentido ser educado com uma IA?

Na realidade, o conjunto de operações efetuadas pela OpenAI gera custos de energia muito mais elevados: a IA devora energia.

De acordo com dados do sector da eletricidade, manter ativos os servidores que alimentam o modelo pode custar até 125 milhões de euros por ano só em eletricidade. Este valor inclui todas as interações, não apenas as educadas.

A interpretação mais plausível do comentário de Altman é simbólica: num mundo cada vez mais automatizado, manter a formalidade, mesmo com máquinas, não deve ser visto como um desperdício de recursos. Pelo contrário, pode ser uma forma de preservar hábitos positivos na comunicação digital.

Nunca se sabe“, observou o próprio Altman na sua publicação. Talvez este gesto quotidiano de respeito, insignificante em termos de custo mas valioso em termos de significado, seja recordado no dia em que os assistentes virtuais forem mais do que um simples software — e forem donos do Mundo.

ZAP //

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