O diretor executivo do Centro de Política Europeia alertou que o vencedor das eleições legislativas do outono terá de lidar com as consequências de apresentar propostas que “milagrosamente” reduzem a austeridade e consolidar as contas públicas.
“Em ano eleitoral é normal que os partidos apresentem o milagre das propostas de redução da austeridade e da consolidação orçamental”, criticou Fabian Zuleeg num seminário em Bruxelas sobre política económica europeia.
No entanto, o diretor executivo do Centro de Política Europeia (EPC, sigla em inglês), um dos maiores think tanks sediados em Bruxelas, deixou um alerta: “o Governo que sair das eleições legislativas portuguesas terá de lidar com as consequências” de apresentar esse “milagre”.
O economista alemão juntou-se assim às críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontou no início do ano a “tentação de optar por políticas populistas” por parte dos decisores políticos neste ano de eleições, e às orientações também da Comissão Europeia, que defendem que o ajustamento é para continuar nos próximos anos, independentemente do partido no poder.
O Governo PSD/CDS-PP e o PS apresentaram programas para os próximos quatro anos – Programa de Estabilidade e “Uma década para Portugal”, respectivamente – que preveem a reposição salarial e o fim da sobretaxa de IRS, ao mesmo tempo que antecipam uma melhoria das contas públicas, embora a ritmos diferentes.
Questionado sobre se a recuperação económica deixa espaço para Portugal reduzir a austeridade, Fabian Zuleeg reconheceu que a economia portuguesa “está a melhorar”, mas que essa melhoria ainda “é lenta”.
O diretor do EPC afirmou que é necessário impulsionar a economia portuguesa, admitindo que isso aconteça através de investimento público, mas disse que essa é uma questão que deve ser discutida a nível europeu.
O economista disse ainda que Portugal é um dos países que mais pode ser afetado por uma eventual saída da Grécia da zona euro, mas recusou que isso venha a acontecer, devido aos “custos elevados” que traria para a União Europeia. “Seria desastroso para os dois lados”, afirmou.
Fabian Zuleeg disse ainda que “é inevitável” que o Reino Unido avance com um referendo à manutenção do país na União Europeia, admitindo não conseguir antever o resultado dessa consulta popular.
“As consequências são muito difíceis de prever. Mas seriam mais negativas para o Reino Unido do que para o resto da União Europeia”, considerou.
A campanha para as eleições legislativas britânicas de 07 de maio começou no final de março, com o primeiro-ministro David Cameron (partido Conservador) a prometer um referendo sobre a permanência do país na União Europeia.
/Lusa