No próximo sábado, o Porto vai perder mais uma livraria histórica. É a terceira em pouco mais de meio ano.
Depois da FNAC, no final de setembro, da Livraria Latina, no início de janeiro, também a Livraria Nunes tem a morte anunciada.
Nasceu em 1987, há quase 40 anos, na Avenida da Boavista. O primeiro nome foi Livraria Estudo. Depois, o espaço foi adquirido por Manuel Nunes, que decidiu renomear a livraria.
26 anos depois, Manuel Nunes vira a última página do seu manuscrito profissional no próximo sábado, dia 19 – com um desgosto desgosto.
Aos 71 “ainda tinha coragem” para mais meia dúzia de anos… se o deixassem.
Manuel Nunes queria continuar. Foi o que contou à Antena 1 o próprio proprietário, que culpa as obras do Metro do Porto pela queda das prateleiras “até ao teto”, que, em tempos, estiveram repletas de letras, frases, estórias…
“Em fevereiro do ano passado começaram as obras e eu tive logo uma quebra de 50%… ou mais. A partir daí, nunca mais recuperou”, lamentou Manuel Nunes.
“Nunca mais recuperou porque não há onde parar, não há estacionamentos. Tornou-se quase impossível entrar na Avenida da Boavista, quanto mais para vir à livraria…”, apontou.
O trauma é tanto que Manuel afirma que nunca mais voltará à Avenida.
“Eu espero nunca mais voltar aqui. Quando encerrar mesmo e nunca mais tiver contacto com isto, acho que nunca mais vou voltar à Avenida da Boavista… O desgosto é tanto que vou fazer de tudo para nunca mais passar cá“, disse, assumindo a mágoa profunda.
A Livraria Nunes já avisou os clientes de sábado é o último dia. Até lá, os livros estarão com um desconto de 50%.
Pouco a pouco, o Porto vai-se despedido das livrarias de rua…