Seis passos para negociar um salário elevado — mesmo em tempos difíceis

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O mercado de trabalho é difícil, mas isso não significa que não possa receber o que vale. Eis exatamente como fazê-lo, em seis passos.

Não é segredo: conseguir um emprego na economia atual pode parecer extremamente difícil.

Os profissionais qualificados candidatam-se regularmente a centenas de postos de trabalho antes de receberem aquela cobiçada oferta.

Segundo um estudo recente da empresa norte-americana de recrutamento CGC,  mais de metade das pessoas desempregadas que procuram emprego estão à procura há quatro meses ou mais, o que mostra como o mercado se tornou competitivo.

Além disso, não é só o mercado de trabalho em si que é um desafio. Estamos a viver um dos períodos mais turbulentos da história moderna.

Os diplomas universitários já não são uma garantia de sucesso, e, realça a Fast Company, até os empregos públicos, outrora considerados seguros, estão ameaçados.

Assim, não é de admirar que muitos candidatos a emprego se sintam ansiosos ou receosos de pedir um salário elevado — ou que pelo menos corresponda ao seu valor.

Segundo Ted Leonhardt, especialista em negociação e orientador de carreiras, o medo de pedir um salário mais elevado sempre foi um obstáculo — e, no ambiente volátil de hoje, esse medo pode ser ainda mais paralisante. Mas isso torna ainda mais importante que um candidato saiba o seu valor — e que o defenda.

Certo, mas exatamente como podemos fazê-lo, sem correr o risco de perder a oportunidade de emprego? Leonhardt dá-nos seis dicas essenciais para negociar com confiança o seu salário na difícil economia atual.

1. Esconda o seu desespero

Uma pesquisa do Pew Research Center divulgada a semana passada revelou que a maioria dos trabalhadores americanos não pediu um salário mais elevado na última vez que foram contratados, e que os homens são ligeiramente mais propensos a negociar do que as mulheres (32% contra 28%).

Mas, mesmo que esteja a sobreviver à base de fast food e precise desesperadamente do emprego, não o deixe transparecer. Os empregadores interpretam muitas vezes a ansiedade como desespero, o que leva a ofertas iniciais mais baixas.

Leve o seu tempo a responder a uma oferta — 24 a 48 horas — e deixe entender subtilmente que está a considerar várias oportunidades. Isso ajuda a manter o seu poder de negociação.

Leonhard aconselha ainda que procure sempre uma nova oportunidade: “Um trabalho paralelo. Um emprego melhor noutro lugar”. Ter outras opções em curso ou a surgir pode reduzir drasticamente a sensação de desespero.

2. Conheça o seu valor e prove-o com dados

Antes de negociar, reúna referências salariais em sites especializados que tenham comparadores salariais, como o Indeed ou a Hays. Depois, apresente razões claras e fundamentadas para o salário que pretende com base na sua experiência, competências e taxas de mercado atuais.

Leonhardt coloca-o de forma sucinta: “Conheça o seu valor e use-o como vantagem. A vantagem é sempre o seu superpoder“.

Manter-se fiel ao seu valor pode trazer dividendos. Annie Papp, vice-presidente executiva da CGC, aconselha que em qualquer mercado de trabalho, os candidatos devem estar preparados para pedir um aumento ou negociar uma remuneração mais elevada.

Embora possa parecer óbvio, a maioria das pessoas não o faz, partindo do princípio de que a entidade patronal irá oferecer um aumento sem o solicitar — o que raramente é o caso.

3. Quantifique o seu valor

Faça uma lista detalhada das suas realizações e quantifique o seu impacto sempre que possível. Por exemplo: “aumentei as vendas em 300% num ano” ou “geri projetos que aumentaram as receitas em X euros“.

Mesmo antes da negociação, reveja esta lista para se recordar das suas realizações e do valor que acrescenta à empresa, aumentando a sua confiança.

4. Aposte em si próprio, planeie o futuro

Se a oferta de emprego não for exatamente a que deseja, concentre-se em criar um caminho claro para lá chegar durante o próximo ano.

Jason Giagrande, CEO da consultora Hospitality Farm, sugere que aposte em si próprio: “proponha uma estrutura de bónus com metas ou KPIs agressivos que o seu chefe teria todo o gosto em pagar se fossem cumpridos. Todos ganham e isso irá motivar o seu crescimento individual, bem como ajudar a sua empresa a crescer.”

Isto não só mostra iniciativa, como também alinha a sua remuneração com os objetivos da empresa, e torna mais fácil para os empregadores dizerem sim.

5. Esteja disposto a afastar-se (se realmente estiver)

Uma das chaves para o sucesso da negociação é a vontade de se afastar. Ouça com atenção, mantenha a compostura e reserve sempre algum tempo para considerar a oferta antes de responder.

Se realmente estiver disposto a afastar-se de uma proposta (e em condições de o fazer), o pior que pode acontecer é ter que esperar pela próxima oportunidade — que lhe ofereça as condições que pretende.

6. Negociar benefícios, não apenas o salário

Se as negociações salariais falharem, considere outras formas de compensação. Diversifique os seus pedidos para chegar a um acordo que satisfaça ambas as partes. Bónus de assinatura, formação profissional, acordos de trabalho flexíveis ou dias de férias extra podem ter um valor significativo.

“Este mercado é diferente porque os empregadores estão a ser mais cautelosos no que diz respeito à contratação e ao orçamento”, diz Ted Leonhardt. “Há alguns anos, na sequência da pandemia, os candidatos podiam negociar salários mais elevados com muito mais facilidade porque todos os empregadores estavam numa corrida desesperada para reter talentos”.

“Atualmente, já não é esse o caso. O frenesim abrandou e os empregadores também estão a levar o seu tempo a tomar decisões”, nota o especialista.

Embora os aumentos salariais inflacionados possam já não ser a norma, a defesa do crescimento continua a ser crucial.

Perder um talento pode, em última análise, ter um custo muito maior do que proporcionar um aumento razoável”, diz Annie Papp. Se uma remuneração mais elevada não for imediatamente viável, peça um prazo para retomar a conversa.

Por fim, Leonhardt dá um conselho importante: “Desenvolva sempre as suas ligações e a sua comunidade, tanto online como offline. As ligações com aqueles que ajuda são sempre a melhor oportunidade para o seu futuro em constante evolução.”

A negociação pode parecer intimidante, especialmente num mundo frágil e incerto. Mas ao defender a sua posição de forma ponderada e estratégica, não está apenas a preparar-se para o sucesso imediato — está a salvaguardar a estabilidade da sua carreira a longo prazo.

ZAP //

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