Teresa Suarez / EPA

Jean-Philippe Tanguy, deputado do Rassemblement National
Deputado do partido de Marine Le Pen exaltado durante debate. Originou um “recado” por parte do primeiro-ministro, logo a seguir.
É um caso de que não há memória num dos grandes países europeus: a provável vencedora de umas eleições presidenciais nem se pode candidatar. Ou ainda vai poder?
No dia em que foi condenada a 4 anos de prisão e proibida de concorrer às eleições presidenciais em França, Marine Le Pen ouviu o seu advogado sugerir que, por muitos recursos que apresentasse, não iria conseguir ser candidata em 2027. Por causa da medida de “execução provisória”, que a proíbe imediatamente de exercer cargos públicos até 2030. Os juízes têm autoridade para confirmar, modificar ou rejeitar esta recomendação.
No entanto, algo terá mudado nas conversas entre cliente e advogado porque Le Pen apresentou um recurso e ainda acredita ser candidata às presidenciais – os juízes que vão julgar os recursos admitiram responder ao recurso até Agosto de 2026.
Apesar de condenada, Le Pen tem insistido que está inocente, acusando a Justiça francesa de perseguição política. Aliás, esse argumento espalhou-se por vários líderes, por vários países: queixam-se de motivações políticas nesta decisão, alegando que, se fosse outra pessoa, seria punida na mesma com pena de prisão mas não seria impedida de exercer cargos públicos durante 5 anos.
Entretanto, e sem surpresas, o ambiente no Parlamento de França aqueceu.
No debate realizado nesta terça-feira, o dia seguinte à decisão da Justiça,
Jean-Philippe Tanguy, deputado do partido de Le Pen, exaltou-se: “Eis que uma série de procuradores e juízes pretendem fazer valer o Direito para exercerem a vingança do sistema contra o seu único opositor, o Rassemblement National, e contra a sua principal encarnação, Marine Le Pen!”.
Os gritos continuaram: “Há tiranos que prendem os seus opositores e há também juízes tiranos que executam o Estado de Direito na praça pública!”.
Mesmo atrás do deputado estava Marine Le Pen. A sorrir.
O primeiro-ministro François Bayrou não gostou desta intervenção: “É indiscutível – e não deve ser discutido nestas bancadas – que as decisões da Justiça devem ser apoiadas e os magistrados protegidos na expressão da sua missão”.