Manuel de Almeida / LUSA
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos
O líder socialista garante que o PS vai votar contra a moção de confiança e explicou a apresentação da comissão de inquérito, considerando que as suspeitas sobre Montenegro são “graves”.
Em entrevista à SIC Notícias, Pedro Nuno Santos descreveu a moção de confiança do Governo como “um pedido de demissão cobarde“, dado que Luís Montenegro já sabe que está condenada ao chumbo e que o executivo vai cair, e voltou a acusar o primeiro-ministro de querer ir a eleições para fugir ao escrutínio.
Confrontado pela jornalista Clara de Sousa sobre a possibilidade de reconsiderar o chumbo e de deixar o Governo continuar em funções para responder à comissão de inquérito — podendo depois apresentar uma moção de censura caso não considerasse que Montenegro esclareceu tudo — o líder socialista recusa.
“Já avisamos e repeti nos últimos dois debates que o PS votaria contra uma moção de confiança. Ele já sabia de antemão a posição do PS quando a apresentou”, salientou Pedro Nuno, acrescentando vai ser coerente e não pode recuar depois de já ter dito há um ano que votaria sempre contra uma moção de confiança do Governo.
O secretário-geral do PS recorda ainda que já se ouviram ministros anteriormente a dizer que o Governo não avançaria para uma moção de confiança caso fosse chumbada uma segunda moção de censura — como foi o caso da do PCP.
Pedro Nuno diz ainda conhecer casos de prestações de serviços semelhantes aos da Spinumviva por preços de cerca de 1500 euros por ano — um valor muito abaixo da avença mensal de 4500 euros que a empresa da família de Montenegro recebia da Solverde até há pouco tempo.
“As suspeitas são graves, podemos ter um primeiro-ministro que não é livre nem tem autonomia face a alguns empresários”, realça Pedro Nuno Santos, reforçando que é preciso perceber se a Spinumviva prestou realmente esses serviços e se os preços refletiam valores justos do mercado.
O líder da oposição mencionou ainda mais suspeitas em torno dos negócios do primeiro-ministro. “Ainda há pouco soubemos de um trabalho de reestruturação de uma pequena empresa, por 214 mil euros, contratada a um advogado, Luís Montenegro, que não tem experiência nenhuma em reestruturação de empresas. O primeiro-ministro não tem dado esclarecimentos cabais”, aponta.
Questionado sobre porque é que o PS não decidiu apresentar questões por escrito em vez de avançar com a comissão de inquérito, o líder da oposição enumerou vários poderes que a CPI tem que vão além das meras perguntas, como o acesso a “mapa de horas dedicado ao trabalho, emails, interações” que possam comprovar que a Spinumviva prestou verdadeiramente os serviços que alega.
“Neste momento já não há resposta escrita ou oral que resolva a suspeita. Só é resolvida se conseguirmos ter acesso às provas, aos documentos que comprovam que o trabalho foi realizado e que o preço pago é o preço justo”, defende.
Já sobre a utilidade de persistir com a comissão de inquérito na próxima legislatura, especialmente na eventualidade de a AD vencer as eleições, Pedro Nuno Santos é peremptório: “A procura da verdade não se esgota com as eleições“.
“Tem noção de que em 50 anos de democracia nunca se fez uma CPI a um primeiro-ministro em funções”, disse Clara de Sousa, enfatizando a criação de novo precedente, ao que Pedro Nuno Santos respondeu: “Eu estou na política agora”.
Já confrontado sobre se pode garantir que o PS vai manter a mesma estratégia na possibilidade de um mau resultado eleitoral ditar a mudança de líder, o secretário-geral garante que o partido não está focado nesse cenário.
“Sou líder do PS ao dia de hoje. O primeiro-ministro quer arrastar o país para umas eleições. O PS está a preparar-se para isso e para ganhar as eleições. Só trabalhamos nesse cenário, não trabalhamos noutro”, disse.
Se Montenegro citou Francisco Sá Carneiro no debate da moção de censura, Pedro Nuno Santos não lhe quis ficar atrás, inspirando-se no líder histórico do PSD. “A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”, terminou, a propósito do risco que o PS corre ao ir a eleições quando as sondagens até agora apontam para um cenário eleitoral parecido com o atual.
“A Clara de Sousa recebe avenças do PSD?”
Nas redes sociais, a postura de Clara de Sousa na entrevista está a dar que falar, com muitos críticos a apontar a parcialidade da jornalista da SIC e até a comparar a sua conduta combativa à de Manuela Moura Guedes.
“A Clara de Sousa também recebe avenças do PSD? É que por esta entrevista parece que trabalha para eles”, considera uma utilizadora do X (ex-Twitter). “O primeiro debate para as legislativas está a dar agora na SIC. Clara de Sousa (coligação PSD/SIC) contra Pedro Nuno Santos (PS)”, brincou outro.
Houve ainda quem mencionasse a ligação de Francisco Pinto Balsemão à SIC: “A Clara de Sousa nem deixa PNS responder. Bela forma da TV de Balsemão condicionar PNS”.
“Quem viu a Clara de Sousa como acólita nas homilias semanais com Marques Mendes e compara com a agressividade desta entrevista ao PNS encontra realmente grandes diferenças”, apontou outro utilizador.
Também se fizeram comparações entre Clara de Sousa e Sandra Felgueiras, que entrevistou Montenegro na TVI: “Sandra Felgueiras inicia a entrevista a Montenegro de forma muito diferente de Clara de Sousa. Muito mais profissional“.
No entanto, houve também quem defendesse a pivô. “Tanto a Clara de Sousa como a Sandra Felgueiras fizeram bons trabalhos hoje, o pessoal desacredita muito os jornalistas em Portugal”, remata um utilizador.
Olha me estes 8 anos de costa no governo e o maninho a director de informação da SIC e agora metem se a malhar na cozinheira, aí aí burrinhos
Ai, ai, que o PS e a esquerda estão tão habituados a mandar nos jornalistas e nos meios de comunicação, em Portugal! . Anos e anos a serem levados ao colinho. Finalmente, começam agora (50 anos mais tarde) a surgir rádios e TVs de direita. Tão incomodados que os xuxalistas estão!!
Cobarde é aquele que manda pagar 500.000 euros a uma funcionária da TAP e depois diz que não se lembrava. Cobarde é aquele que cria num dia a localização de dois aeroportos, sem qualquer fundamento técnico, e no dia seguinte é obrigado, pelo primeiro ministro, a pedir desculpas aos portugueses, através das televisões. Cobarde é aquele que rebentou com mais de três mil milhões de euros na TAP, para depois o seu partido decidir pela sua privatização. Cobarde, é estes reles que, depois de tanta porcaria, toma a decisão de fugir do governo.
Este gajo do PS foi sempre um trauliteiro, um espantadiço sem credibilidade alguma. Por isso é que no governo teve que fugir.
Este PNS tem cá uma lata! E ainda fala do Sá Carneiro??? Até parece que não andam há meses a infernizar a vida do governo e Luís Montenegro, com uma ajudinha extra da imprensa socialista. Deixaram o país numa miséria, cheio de problemas e conflitos em diversas áreas e ainda vêm pregar a moral??? A arrogância diz tudo!
Este gajo não faz puto de ideia do trabalho que dão este tipo de serviços. Com multas que podem ascender a 20 milhões de euros e o PNS pretende um serviço à chinesa de 1500 euros. Nem sei o que dizer…