Ben Affleck confessa-se “envergonhado” por ter na sua árvore genealógica um antepassado que foi dono de escravos. Uma posição assumida pelo actor depois de se ter ficado a saber que convenceu os produtores de um programa de televisão sobre as suas raízes a esconderem esse familiar da história.
“Não queria nenhum programa de televisão sobre a minha família a incluir um tipo que teve escravos. Fiquei envergonhado. Só o pensamento me deixou um gosto amargo na boca”, constata Ben Affleck num testemunho deixado na sua página do Facebook.
O facto de Ben Affleck ter tentado esconder este seu antepassado esclavagista ocorreu no âmbito do programa de televisão “Finding Your Roots” que se dedica a mostrar o passado familiar dos participantes.
A informação foi obtida depois de a WikiLeaks ter publicado diversos e-mails trocados por executivos da Sony Pictures com diversas figuras públicas e que foram obtidos no âmbito do ataque informático de que a empresa japonesa foi alvo, no Verão passado.
A WikiLeaks não revela como teve acesso a estes dados confidenciais, ilegalmente obtidos por piratas informáticos que foram conotados com a Coreia do Norte.
Estes emails entre Ben Affleck e os produtores do programa “Finding Your Roots” despoletaram um aceso debate em torno da censura nos EUA e o actor foi acusado de estar a querer fugir a um assunto que ainda hoje é muito polémico.
O produtor do programa, Henry Louis Gates, um professor de História em Harvard, foi obrigado a divulgar em comunicado que tinha total “controle editorial”.
Todavia, numa das mensagens trocadas com o chefe executivo da Sony, Michael Lynton, o professor Gates argumenta que concordar com Ben Affleck “seria violar as regras da PBS [a rede de televisão Public Broadcasting Service], mesmo que esteja em causa o Batman”.
“Eu fiz lobby com ele da mesma forma que faço com os realizadores sobre as minhas cenas que acho que eles devem usar”, garante agora Ben Affleck, frisando que está em causa um programa onde os visados fornecem “voluntariamente, um grande número de informação sobre a sua família, tornando-os bastante vulneráveis”.
Entretanto, a PBS abriu um inquérito para determinar se os seus “princípios editoriais fundamentais” foram ou não cumpridos.
A terminar, Ben Affleck constata que não tem culpa por esse tal antepassado esclavagista e frisa que este caso evidencia como o assunto da escravatura continua a ser uma ferida aberta na realidade norte-americana.
“Não merecemos nem crédito, nem culpa por um antepassado e o grau de interesse nesta história sugere que ainda estamos, como nação, a braços com o terrível legado da escravatura. É uma análise que vale bem a pena continuar. Fico feliz que a minha história, mesmo que indirectamente, contribua para essa discussão. Mesmo que não goste que o tipo seja um antepassado, fico contente por esse aspecto da história do nosso país estar a ser discutido”, conclui Ben Affleck.
SV, ZAP