John Hogg / World Bank
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Estónia, Letónia e Lituânia extinguem uma herança da era soviética ao ligarem-se “com sucesso” à rede elétrica europeia, depois de cortarem ligações à Rússia.
O Presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, anunciou este domingo que os estados bálticos da Estónia, Letónia e Lituânia ligaram-se “com sucesso” à rede elétrica europeia, depois de cortarem ligações à Rússia, classificando a sincronização como “uma ótima notícia”.
Os três países já tinham previsto o abandono da rede elétrica russa para aderirem ao sistema europeu, um processo iniciado há anos e acelerado após a invasão da Ucrânia por Moscovo.
“Estamos prontos”, afirmou o primeiro-ministro lituano, Gintautas Paluckas, nas redes sociais, elogiando “o início de uma nova era de independência [energética]”.
O processo demorou vários anos devido a inúmeros problemas tecnológicos e financeiros e à necessidade de diversificar o fornecimento, nomeadamente através de cabos submarinos.
Entretanto, o sistema elétrico do enclave russo de Kaliningrado tornou-se este sábado autónomo depois de a Lituânia, a Letónia e a Estónia se terem desligado do circuito elétrico BRELL com a Rússia e a Bielorrússia, 10 meses antes do previsto.
O enclave recebe eletricidade de três centrais térmicas locais, que “têm as reservas de energia necessárias para o fornecimento ininterrupto de eletricidade”, disse o governador da região.
A mudança tornou-se urgente após a invasão russa da Ucrânia em 2022, que despertou nos países bálticos o receio de que Moscovo os visasse também. Desde então, os três países deixaram de comprar gás e eletricidade russos, embora as redes elétricas continuassem ligadas à Rússia e à Bielorrússia, com regulação da frequência controlada por Moscovo.
Por isso, continuavam dependentes da Rússia para um fluxo estável de eletricidade, crucial para os aparelhos que necessitavam de um fornecimento de energia fiável, em particular nos processos industriais.
Os três países vão ser integrados na rede europeia através da Polónia. As autoridades lituanas e polacas iniciaram o processo de sincronização por volta do meio-dia deste domingo.
Uma vez que na prática os três já não compram eletricidade russa ou bielorrussa desde maio de 2022, os consumidores não devem notar diferenças ou interrupções, mas as autoridades alertaram para possíveis problemas.
“Vários riscos a curto prazo, tais como operações (…) contra infraestruturas críticas, ciberataques e campanhas de desinformação” levadas a cabo pela Rússia, afirmou o departamento de Segurança lituano. O operador polaco de eletricidade PSE anunciou o envio de helicópteros e drones para controlar a ligação com a Lituânia.
O Presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, disse à emissora pública LTV1 que, embora os três países estivessem “totalmente preparados”, não podem “excluir possíveis provocações“.
Na Estónia, polícia e voluntários vão estar estacionados em infraestruturas elétricas essenciais até ao próximo fim de semana, devido ao risco de sabotagem.
Nos últimos meses, vários cabos submarinos de telecomunicações e de energia foram danificados no mar Báltico. Especialistas e políticos acusaram a Rússia de estar a travar uma guerra híbrida, o que Moscovo nega.
ZAP // Lusa