Kenneth C. Zirkel / Wikimedia
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Carl Sagan
Muito associado à astronomia e à ciência no geral, o cosmólogo norte-americano levou a sério o irracionalismo humano. E deixou assim umas ideias… diferentes. Agora recuperadas.
Quando se fala em Carl Sagan, fala-se sobre astronomia, cosmologia, e ciência no geral.
Astrónomo, cosmólogo, escritor e divulgador científico americano. Um comunicador apaixonado pela ciência planetária e que trouxe mais pessoas para o mundo ciência, criou interessados.
Entre o seu legado duradouro, soltou frases como “A imaginação é mais importante que o conhecimento” – o que ele não imaginava é que o seu conhecimento seria recuperado em 2025.
Sabe-se lá porquê, o site Open Culture recordou nesta semana este pensador, que levou a sério o irracionalismo. Mais concretamente o seu livro O Mundo Assombrado pelos Demónios.
Nesse livro, Carl Sagan sugere que o nosso pensamento quotidiano deriva muito de metáforas, mitologia e superstição.
Mas, na mesma obra, também previu um futuro em que os EUA entrariam num período de terrível declínio.
Citando: “Tenho um pressentimento sobre uma América no tempo dos meus filhos ou netos — quando os EUA forem uma economia de serviços e informação; quando quase todas as indústrias tiverem migrado para outros países; quando poderes tecnológicos impressionantes estiverem nas mãos de muito poucos, e ninguém a representar o interesse público consiga sequer entender as questões; quando o povo tiver perdido a capacidade de definir as suas próprias agendas ou questionar com conhecimento de causa quem está no poder; quando, agarrando os nossos cristais e consultando nervosamente os nossos horóscopos, as nossas faculdades críticas estiverem em declínio, incapazes de distinguir entre o que nos faz sentir bem e o que é verdade, deslizamos, quase sem perceber, de volta para a superstição e a escuridão…”.
Defensor da ciência como uma via do progresso, Carl Sagan temia que “a vela no escuro” da ciência fosse apagada pelo “emburrecimento da América…”.
Uns EUA mais burros que seria “mais evidente na lenta decadência do conteúdo substantivo nos media enormemente influentes, os sound bites de 30 segundos (agora reduzidos a 10 segundos ou menos), programação para o menor denominador comum, apresentações crédulas sobre pseudociência e superstição, mas especialmente uma espécie de celebração da ignorância…”.
Carl Sagan escreveu este livro em 1995. Morreu em 1996.
Não teve oportunidade para viver a era das redes sociais e da desinformação à escala global. Um “sinal tardio, talvez terminal, do declínio do pensamento científico”, indica o Open Culture.
Profecias, dirão alguns.