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De “local de demolição” a “riviera” no mesmo dia: Trump muda drasticamente os planos para Gaza. A sua ideia é ocupar a região e “criar milhares e milhares de empregos”. Hamas diz que é “absurdo”, mas o primeiro-ministro israelita acha que é “pensar fora da caixa”.
“Os Estados Unidos vão tomar conta da Faixa de Gaza e vamos fazer um bom trabalho com ela… vamos desenvolvê-la, criar milhares e milhares de empregos, e será algo de que todo o Médio Oriente se poderá orgulhar”, disse Donald Trump numa conferência de imprensa na noite desta terça feira, citado pela Reuters.
O presidente dos EUA tem planos ainda mais ambiciosos para a região: “Os Estados Unidos vão apoderar-se da Faixa de Gaza e vamos fazer um bom trabalho com ela”, afirmou. “Seremos os donos e responsáveis pelo desmantelamento de todas as bombas perigosas que não explodiram e de outras armas existentes no local. Nivelaremos o local, eliminaremos os edifícios destruídos, criaremos um desenvolvimento económico”.
Chegou mesmo a falar de uma “Riviera do Médio Oriente”, em que Gaza poderia tornar-se sob a orientação dos EUA.
A estratégia escolhida pelo presidente norte-americano surge num momento em que anunciou ainda outra resolução no próprio dia — a reinstalação permanente dos mais de dois milhões de palestinianos de Gaza em países vizinhos, como a Jordânia, Egito ou outros estados árabes, e apelidou o enclave de “local de demolição”.
De acordo com o que escreve o analista Tartigo 49º das Convenções de Genebra proíbe que uma potência ocupante transfira ou remova à força pessoas de um território, pelo que a ideia previamente proposta por Trump constitui uma ilegalidade.
O especialista considera ainda que a proposta de Trump pode ser considerada uma limpeza étnica, ao abrigo do relatório da Comissão de Peritos sobre o antigo Estado da Jugoslávia apresentado ao Conselho de Segurança da ONU em 1994, que define este conceito como tornar uma área etnicamente homogénea através do uso da força ou da intimidação para retirar da área pessoas de determinados grupos.
Segundo Morris, Trump também não pode apropriar-se da área deliberadamente. “Os EUA só poderiam assumir o controlo de Gaza com o consentimento da autoridade soberana do território”, escreve o analista, uma vez que Israel não pode “ceder” o território aos EUA: o Tribunal Internacional de Justiça decidiu que Gaza é um território ocupado — e que esta ocupação é ilegal à luz do direito internacional.
Já o analista da CNN, Stephen Collinson, considerou a ideia “bizarra” e uma “fantasia”, nomeadamente porque os estados árabes, cujo dinheiro e terras são essenciais para a sua concretização, opõem-se totalmente ao projeto.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no entanto, louvou o pensamento “fora da caixa” de Trump, que mostra “a mostrar vontade de perfurar o pensamento convencional” face à região que, atualmente, está no final da primeira fase de um acordo de cessar-fogo. Netanyahu acrescentou ainda que esta é uma ideia que “pode mudar a história”.
De relembrar é que o líder israelita já devia ter iniciado as negociações para a próxima fase do acordo, mas preferiu dirigir-se ao EUA e falar primeiro com Trump sobre a estratégia a seguir, o que viola as diretrizes do acordo.
O Hamas já reagiu às declarações do presidente dos EUA, de forma bem diferente da do líder de Israel. “Os comentários de Trump sobre o seu desejo de controlar Gaza são ridículos e absurdos, e quaisquer ideias deste tipo são capazes de incendiar a região”, disse o porta-voz do grupo terrorista palestiniano Sami Abu Zuhri.
Uma avaliação dos danos efetuada pela ONU, divulgada pela Reuters em janeiro, previa que a limpeza dos mais de 50 milhões de toneladas de escombros deixados em Gaza na sequência dos bombardeamentos israelitas poderia demorar 21 anos e custar até 1,2 mil milhões de dólares (cerca de 1.15 mil milhões de euros).
Guerra no Médio Oriente
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5 Fevereiro, 2025 Trump quer ocupar a faixa de Gaza e transformá-la na “Riviera do Médio Oriente”
Bom, ele ficou rico como empreendedor imobiliário. O homem quer fazer aquilo que sabe fazer