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Morreu Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias”

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Divulgação

A escritora Maria Teresa Horta

A escritora Maria Teresa Horta

A escritora Maria Teresa Horta morreu nesta terça-feira, aos 87 anos de idade, em Lisboa. Era a última das “Três Marias” que ainda estava viva.

É “uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, revela a editora da escritora, a Dom Quixote, no comunicado enviado à agência Lusa.

A morte de Maria Teresa Horta resulta no “desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” do Portugal contemporâneo, destaca ainda a Editora.

A escritora é “autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores” e fica ainda reconhecida como uma “defensora dos direitos das mulheres e da liberdade“, destaca ainda a Editora.

A última das “Três Marias”

Maria Teresa Horta, juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, escritoras também já falecidas, fez parte do grupo conhecido como as “Três Marias”.

As três escritoras foram julgadas durante o Estado Novo, devido à obra conjunta “Novas Cartas Portuguesas” que foi censurada pela ditadura de Salazar.

O julgamento foi reportado por vários meios de comunicação internacionais (entre os quais Le Monde, Time, The New York Times, Nouvel Observateur e televisões norte-americanas) e levou a manifestações feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro.

Também houve diversas personalidades internacionais, como Marguerite Duras, Doris Lessing, Iris Murdoch e Delphine Seyrig, a defenderem publicamente a obra e as autoras.

A ida a tribunal das “Três Marias” foi considerado a primeira causa feminista internacional numa votação na conferência da National Organization for Women (NOW), em Boston, em Junho de 1973.

O caso foi simbólico na queda do regime de Salazar que se deu com a Revolução de 25 de Abril de 1974.

Maria Teresa entre as 100 mulheres mais influentes do mundo

Em Dezembro passado, Maria Teresa Horta foi incluída na lista das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo elaborada pela estação pública britânica BBC.

Ao longo da sua carreira literária, a escritora recebeu vários prémios, destacando nos anos mais recentes, o Prémio Autores 2017 para o melhor livro de poesia (“Anunciações”).

Também recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura em 2020, e foi condecorada, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

Em 2021, ganhou o Prémio Literário Casino da Póvoa com a obra “Estranhezas”.

Nascida em Lisboa, em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi militante activa nos movimentos de emancipação feminina.

Também foi jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres.

Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romances e contos.

Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal, e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. A minha reverendíssma vénia à história e à memória de uma MULHER que nunca se resignou.
    Em tempos difíceis e penosos, soube resistir e abrir caminhos que uns certos querem, de novo, encerrar.
    Não Passarão!

    Parabéns a todos os que do seu convívio, da sua luta e riqueza de espírito puderam e poderão beneficiar.
    Sincero pesar para familiares e amigos, que sofrem com a sua partida.

    Para a última das três Marias, uma comovida mensagem:

    Descansa, Guerreira! A luta continua.

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