Tentou esconder a nacionalidade do avô, mal vista nos EUA, e é filho de uma empregada de limpeza escocesa que chegou de barco ao país do “sonho americano”. Casou com duas imigrantes, está a levar a cabo a “maior deportação da história” e o seu nome podia ler-se “Trrump”.
Donald Trump está a concretizar, como prometeu, a “maior deportação da história dos EUA”. De acordo com a BBC, estão a ser deportados todos os dias uma média de 311 migrantes. Mas só este domingo foram quase 1000 a serem enviados para os seus países de origem.
Desde que tomou posse, na semana passada, Trump já levou a cabo 21 ações executivas para reformular o sistema de imigração dos EUA. Tem este tópico como uma prioridade.
Mas aquilo de que o novo presidente dos EUA parece estar a esquecer-se (ou não menciona assim tanto) é de que o seu próprio avô foi um imigrante ilegal, e toda a sua família tem origem estrangeira, inclusive as suas duas mulheres.
Em 1885, um barbeiro alemão de 16 anos chamado Friedrich Trump embarcou num navio com destino aos EUA, para fugir a 3 anos de serviço militar obrigatório no seu país — era doente e inapto para os trabalhos forçados a que o seu país podia submetê-lo. Estava também com os olhos postos na febre do ouro.
Assim conta o canal History, que acrescenta que o jovem foi ilegal no país, mas foi recebido de braços abertos por família que viva nos EUA e pelos próprios americanos, que na altura viam com bons olhos os alemães. Depressa iniciou um negócio imobiliário de sucesso. Segundo o The Conversation, o seu negócio — criou também uma cadeia de hotéis e restaurantes — passava pela venda de álcool e a prostituição.
Mas Donald Trump, até aos anos 80, tentou sempre esconder a cidadania do avô. “Ele veio da Suécia quando era criança”, afirmou no seu livro co-escrito The Art of the Deal. Só mais tarde é que um primo confessou ao The New York Times, que Trump manteve o estratagema a pedido do seu próprio pai, corretor de imóveis, que tinha ocultado a sua ascendência alemã para evitar perturbar amigos e clientes judeus.
O avô de Trump voltou algum tempo depois à Alemanha, casou-se com uma alemã, Elizabeth Christ, e, depois do seu país descobrir que tinha fugido ao serviço militar, foi obrigado a regressar aos EUA, onde se naturalizou e teve o seu filho Fred.
Fred Trump, nascido no Bronx, Nova Iorque, tornou-se-se num dos empresários mais bem-sucedidos da cidade. Foi aí que, num baile, conheceu Mary Anne MacLeod, uma empregada doméstica oriunda da Escócia, ainda sem cidadania americana, que viajara de barco até aos EUA para escapar às dificuldades económicas.
A mãe de Trump era pobre, filha de um pescador com alguns problemas financeiros, natural da ilha de Lewis. Depois de conhecer Fred, a qualidade de vida de Anne, que cresceu rodeada por uma paisagem de propriedades que historiadores e genealogistas locais caracterizaram com termos como “miséria humana”, segundo o Politico, aumentou rapidamente.
O casal vivia numa zona rica de Queens e dedicava-se a obras de caridade. Como esposa de um dos construtores mais influentes da cidade, Mary Trump tornou-se, após o casamento que lhe concedeu, após 12 anos no país, cidadania americana, uma frequentadora assídua do circuito social nova-iorquino.
Mais tarde, o seu filho Donald visitou a casa onde a sua mãe viva na Escócia. A BBC diz que passou aproximada mente 97 segundos lá dentro. “Tenho andado muito ocupado”, justificou-se.
Já um magnata da sociedade nova-iorquina, o também empresário Donald Trump, dono da famosa Trump Tower, conheceu, aos 29 anos, uma jovem num bar que não o deixou indiferente. Chamava-se Ivana e era checa.
Ivana cresceu numa cidade comunista na antiga Checoslováquia e casou-se com “The Donald”, como lhe chamava, 1 ano após o ter conhecido. Só 11 anos depois de chegar aos EUA é que obteve cidadania americana.
Divorciaram-se me 1990, e nove anos depois Trump tinha outra mulher, desta vez americana, Marla Maples. Atualmente, é casado com Melania Trump, nascida na Eslovénia.
“Passou por um longo processo para se tornar cidadã. Foi muito difícil“, disse o próprio Trump, citado pela CNN, acrescentando que Melania concorda com a sua posição relativamente à imigração. “Quando o conseguiu, ficou muito orgulhosa. Veio da Europa e ficou muito, muito orgulhosa. E acha que é um processo bonito quando funciona”.
“Eu construo muros”, disse Trump durante a sua primeira campanha. “Temos uma fronteira, temos um país, e se não temos uma fronteira o que é que nós somos? Apenas um — apenas um nada. Um nada“.
Provavelmente, se Friedrich Trump tivesse chegado ao EUA e deparado com um muro, o presidente do país com mais imigrantes do mundo seria, neste momento, “apenas um nada”.
Ocorre-me um ditado proveniente da indiscutível sabedoria popular, que aconselha:
“Nunca peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu”
Homem execrável!
Não vejo onde é que a história do Trump é semelhante aos deportados.
É preciso ser muito comuna para comparar um processo de 1880 com uma situação de 2025… Que idiotice.
Eu tenho familia nos EUA. Umas 15 pessoas. Umas legalizaram-se porque se deram ao trabalho de passar pelas passas do Algarve para o conseguir. Outros não. Aos que não, não me admira que os mandem embora. Estão lá há 30 anos e apenas não estão legais porque não quiseram ter o trabalho.
E sim, receber todos os dias centenas de Sul Americanos, é uma verdadeira calamidade para os EUA, apenas superada pelas parvoíces que a Europa estava a ter ao deixar entrar cá centenas de Africanos. Ilegais, e provavelmente criminosos.