Hitler comunista, marcianos, Deus. A surreal conversa entre Musk e a líder da extrema-direita alemã

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@Alice_Weidel / X

Elon Musk quase acertou o nome de Alice Weidel, mas acabou por lhe chamar “Veedle”. Foi a primeira de muitas “patacoadas” trocadas entre os dois políticos, que no final da noite acabaram por dar-se bastante bem — têm muito em comum.

“Bem-vindo à conversa com Alice ‘Veedle’, que é atualmente a principal candidata à presidência da Alemanha, penso eu”, foi a introdução de Elon Musk à conversa de 85 em direto, esta quinta feira, que teve com a líder do AfD na sua rede social X.

Dois erros numa só frase: na verdade, o nome da líder do partido de extrema-direita pronuncia-se Weidel, salienta o Politico, e o partido que lidera as sondagens para as eleições que vão ter lugar na Alemanha em fevereiro é a centrista CDU, com 31,8% das intenções de voto, bem longe dos 18,1% do AfD.

Claro que o erro de pronúncia que o Politico realça é irrelevante, e perfeitamente desculpável em Musk, que deve estar fartinho que lhe chamem “élon” quando o seu nome é “ilón”.

Mas a desinformação largamente propagada na live pelas duas figuras políticas (Elon Musk vai liderar um departamento da administração Trump) não se ficou por aqui, e foram vários os momentos insólitos.

Logo no início, Musk pediu a Weidel que falasse sobre a imagem que os media fazem do AfD como “de alguma forma associado ao nazismo ou algo do género”.

A líder do partido quis demarcar-se da negra história alemã. Decidiu, portanto responder que Hitler “era comunista e considerava-se um socialista”.

“O maior sucesso depois dessa época terrível da nossa história foi rotular Adolf Hitler como de direita e conservador. Ele era exatamente o oposto. Não era um conservador. Não era um libertário. Era um tipo socialista comunista. Ponto final. Não há mais comentários sobre isso. E nós somos exatamente o oposto”.

Parece estranho? Não para Elon Musk, que ao longo da conversa foi mostrando o seu apoio ao partido alemão com frases como “recomendo vivamente que votem no AfD”.

As duas figuras entenderam-se tão bem que acabaram mesmo por discutir questões metafísicas, e decidiram partilhar as suas inquietações espirituais. “Acredita em Deus?”, atirou a nacionalista.

“Estou aberto a acreditar em coisas que são proporcionais à informação que recebo”, respondeu o dono da Tesla, que diz estar “aberto à ideia” de Deus.

“Sim, sinto o mesmo”, disse, contente, a política. “Para ser sincera, ainda estou à procura.”

O tema desencadeou depois uma longa conversa existencialista, pautada por frases como “tenho curiosidade sobre a natureza do universo”, desabafo de Musk que terminou com “a resposta é a parte fácil e a pergunta é a parte difícil. Tive uma espécie de crise existencial aos 12 ou 13 anos sobre o sentido da vida. Lia os textos religiosos e a filosofia das livrarias. Estava a ler Schopenhauer”, disse, “o que é um pouco deprimente se o lermos em criança”.

Estão de acordo também em relação à guerra na Ucrânia: querem acabar com ela, por meio de Donald Trump. “Espero que Donald Trump e a sua administração acabem com esta guerra terrível, com esta morte inútil de jovens todos os dias, o mais depressa possível, porque os europeus não conseguem”, lamentou Weidel.

Mas tudo isto, claro, é posto em perspetiva quando percebemos que vamos todos morrer, conclusão a que chegou Musk: “Para ser claro, se formos uma espécie de planeta único, é apenas uma questão de tempo até sermos aniquilados”, por um “meteorito”, por exemplo.

Weidel ficou a pensar nas filosóficas palavras… fez-se silêncio por alguns momentos.

Mas o dono da SpaceX tem uma solução para o Apocalipse: “O meu palpite é que haverá casos em que os futuros marcianos virão realmente ajudar-nos e salvar-nos quando houver uma emergência, tal como a América ajudou a salvar o resto do mundo na Primeira e Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria”, garante Musk.

“Quanto à humanidade, não queremos ser uma daquelas civilizações coxas, de um só planeta. Qualquer civilização que se preze deve ter pelo menos dois planetas“.

Mas o verdadeiro motivo pelo qual decidiu envolver-se na exploração de Marte, pergunta feita pela política alemã, foi… “porque os dinossauros não tinham naves espaciais”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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5 Comments

  1. Enfim, 2 idiotas, um é ignorante muito embora seja um espertalhão, a outra não lhe fica atrás, pese embora o facto de também ser ignorante, esperteza é coisa que lhe falta. Dois exemplos gritantes de como 2 preservativos teriam feito toda a diferença.

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    • É, o planeta Terra é o único em risco (de milhares de anos) de voltar a levar com um meteoro, nunca aconteceu a nenhum outro, em especial a Marte, aquilo é um poço de vida

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