“O medo teve medo” à mulher mais corajosa da América Latina. Sequestro e libertação de Maria Corina Machado

Miguel Gutierrez / EPA

A líder da oposição venezuelana a Nicolás Maduro, Maria Corina Machado, numa manifestação em Caracas.

A líder da oposição venezuelana a Nicolás Maduro, Maria Corina Machado, numa manifestação em Caracas.

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, foi libertada pelo regime de Nicolás Maduro após ter sido sequestrada por agentes do regime no fim de uma manifestação em Caracas, contra o actual Presidente da Venezuela.

A garantia é dada pelo partido de Maria Corina Machado que saiu do seu refúgio na clandestinidade, para participar numa manifestação em Caracas, em defesa da vitória de Edmundo González, que integra o seu partido, nas recentes eleições para a Presidência da Venezuela.

A tomada de posse do novo presidente da Venezuela está marcada para esta sexta-feira. Nicolás Maduro deverá tomar posse, uma vez que também reclama a vitória nas eleições. Mas a oposição venezuelana promete luta nas ruas.

González garantiu que estará em breve na Venezuela, depois de ter estado exilado em Espanha, para tomar posse, nem que seja simbolicamente.

Maria Corina foi “levada à força” e “obrigada a gravar vídeos”

Mas Maria Corina Machado já deu o “corpo às balas” por uma “Venezuela livre”, o slogan que adoptou na luta contra o regime de Maduro, e participou num protesto, apesar dos receios de que pudesse ser detida.

E quando abandonou o protesto, “Maria Corina foi interceptada e derrubada da moto em que seguia”, revela Magalli Meda do partido Vente Venezuela (VV), numa publicação na rede social X.

No incidente, foram disparadas “armas de fogo” e a líder da oposição venezuelana “foi levada à força”, nota ainda Meda.

“Durante o período do seu rapto, foi obrigada a gravar vários vídeos, e depois foi libertada”, acrescenta.

Ministro de Maduro diz que rapto é “invenção”

O regime de Maduro já desmentiu o sequestro, garantindo que é “uma invenção” de Maria Corina Machado, conforme declarações do ministro do Interior, Diosdado Cabello, divulgadas pelo jornal El Clarín.

“Não mobilizaram pessoas, precisavam de uma faísca e disseram: a melhor faísca é a detenção de Maria Corina Machado”, nota Cabello. “Como viu que não gerou nada, teve de sair com o rabo entre as pernas a gravar um vídeo a dizer que estava bem”, acrescenta o ministro.

Cabello refere-se a um vídeo onde Maria Corina Machado surge a dizer que está “bem” e “segura” após uma “concentração maravilhosa”.

Perseguiram-me, caiu-me a carteira na rua”, conta ainda, garantindo que já está “a salvo” e sublinhando que a “Venezuela será livre”.

Maria Corina revela que pessoa foi ferida com tiro quando a detiveram

Depois do desmentido do regime, Maria Corina Machado vem a público confirmar que foi detida, revelando também que uma pessoa ficou ferida, com um disparo de bala, aquando da sua captura.

“Agora estou num lugar seguro e com mais determinação do que nunca antes de seguir junto a vós até ao final”, escreve também a líder da oposição na rede social X.

Nunca me senti tão orgulhosa de ser venezuelana“, nota ainda, agradecendo a “todos os cidadãos que saíram às ruas para reivindicar a nossa vitória de 28 de Julho e cobrá-la”.

Vídeo mostra alegado momento da captura

Edmundo González chegou a pedir a sua “libertação imediata” numa publicação na rede social X, onde também sublinhou que “foi sequestrada em condições de violência”.

O jornalista e analista político Eduardo Menoni, activista venezuelano, também revela na rede social X um vídeo que mostrará o que diz ser “o momento exacto da captura de Maria Corina Machado por agentes de segurança da tirania de Nicolás Maduro e Diosdado Cabello”.

“Este vídeo demonstra que houve mesmo sequestro e que a ditadura chavista mente“, escreve ainda Menoni.

Há ainda quem afirme que estas imagens se referem ao momento em que Maria Corina Machado terá sido libertada por agentes do regime de Maduro.

“A mulher mais corajosa da América Latina”

Antes de ter sido alegadamente sequestrada, Maria Corina Machado escreveu na rede social X que “isto acabou” e que “a Venezuela será livre”.

“Ganhámos e vencemos o medo”, afirmou noutra publicação onde se mostra junto da multidão na manifestação em Caracas, sublinhando que “não há impossíveis” se os venezuelanos estiverem “todos unidos”.

A coragem de Maria Corina Machado está a ser elogiada um pouco por todo o mundo pela forma como está a enfrentar o regime de Maduro.

Um dos vice-presidentes do Congresso do Peru, Alejandro Cavero, da direita liberal, fala dela como “a mulher mais corajosa da América Latina”.

Cavero também pede ao mundo para “actuar” perante o “chavismo” que diz ser “violência, ódio e miséria”.

“O medo teve-lhe medo”

“O medo teve-lhe medo”, escreveu, por seu turno, o jornalista Orlando Avendaño na rede social X, referindo-se à sua libertação após o alegado sequestro.

Venezuelanos imigrados ou exilados noutros países participaram em manifestações de apoio a Maria Corina Machado em várias cidades, nomeadamente em Nova Iorque (EUA) e em Madrid (Espanha).

Susana Valente, ZAP // Lusa

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