Edmundo González Urrutia foge para Espanha. Embaixada argentina em Caracas cercada

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egonzalezurrutia / Instagram

María Corina Machado, Edmundo González Urrutia, lideres da oposição na Venezuela

O líder da oposição ao regime de Nicolás Maduro pediu asilo político a Espanha e encontra-se a caminho de Madrid num avião militar espanhol. A embaixada argentina em Caracas, que está sob custódia do Brasil e onde se encontram refugiados seis opositores, está cercada desde sexta-feira.

O político venezuelano Edmundo González Urrutia, que a oposição diz ter vencido as presidenciais de 28 de julho, deixou na noite deste sábado a Venezuela em direção a Espanha, anunciou a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez.

“Hoje, 7 de setembro, deixou o país o cidadão opositor Edmundo González Urrutia, que tendo-se refugiado voluntariamente na Embaixada do Reino de Espanha em Caracas, desde há vários dias, solicitou perante este Governo a tramitação de asilo político”, anunciou Rodríguez na rede social Instagram.

A a vice-presidente de Maduro explicou que, “após os contactos pertinentes entre ambos os governos, cumpridas as diligências necessárias e em conformidade com o Direito internacional, a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários, no interesse da paz e da tranquilidade política do país”.

“Esta conduta reafirma o respeito pelo Direito que tem prevalecido nas ações da República Bolivariana da Venezuela perante a comunidade internacional”, sublinhou, precisando que, nas próximas horas, dará mais informações.

A Espanha concederá “naturalmente” o asilo político ao candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela Edmundo González Urrutia, afirmou hoje o chefe da diplomacia de Madrid, José Manuel Albares, à televisão espanhola.

Em declarações à televisão espanhola durante uma breve escala em Omã a caminho da China, citadas pela agência France-Presse, Albares indicou que González Urrutia, que está a voar para Madrid num avião militar espanhol, tinha “pedido o direito ao asilo”.

“O Governo vai naturalmente concedê-lo”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol.

Antigo embaixador da Venezuela na Argentina e na Argélia, Edmundo González Urrutia, 75 anos, aceitou ser candidato nas presidenciais de 28 de julho de 2024, em substituição da líder opositora María Corina Machado, desqualificada pelas autoridades e impossibilitada de exercer cargos públicos durante 15 anos.

A 3 de setembro, um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para González Urrutia.

O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de “usurpação de funções, falsificação de documentos públicos”, “instigação à desobediência das leis”, “conspiração, sabotagem, danos no sistema e associação para cometer crimes”.

O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para González Urrutia depois de este não ter comparecido a três convocatórias.

O político devia prestar declarações no âmbito de uma investigação relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição, Plataforma Unitária Democrática, afirma ter carregado “83,5% das atas eleitorais” recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto.

A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Nicolás Maduro como vencedor das eleições.

A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo polícias e militares nas ruas, para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.

Embaixada da Argentina cercada e sem luz

A embaixada da Argentina em Caracas, que está sob custódia da representação diplomática do Brasil no país, e onde estão refugiados desde março opositores ao regime de Nicolás Maduro, está desde a noite de sexta-feira cercada por forças de segurança da Venezuela.

Segundo a oposição venezuelana, a rua que dá acesso à sede da representação argentina foi fechada, e os jornalistas estão a ser impedidos de se aproximar do local,. Diplomatas brasileiros também afirmam que a energia elétrica da casa foi cortada.

As medidas ocorrem após o governo venezuelano ter revogado a autorização para que o Brasil represente os interesses da embaixada argentina. Segundo o governo de Nicolás Maduro, a decisão foi tomada após a apresentação de provas sobre o uso das instalações para “atividade terrorista”.

Os líderes da oposição temem que a revogação da tutela brasileira sobre a representação argentina seja um passo para que a embaixada seja tomada pelas forças armadas que a cercam.

O governo brasileiro declarou-se “surpreendido pela decisão das autoridades venezuelanas” e salientou que a missão diplomática argentina deve ser inviolável, em cumprimento das convenções internacionais.

“O Brasil salienta a inviolabilidade, nos termos da Convenção de Viena, das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente acolhe seis exilados venezuelanos, assim como os seus bens e arquivos”, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro, numa nota citada pela agência EFE.

O Brasil representa os interesses consulares da Argentina na Venezuela desde 1 de agosto, data em que o governo venezuelano expulsou o embaixador argentino, após o governo de Javier Milei afirmar ter denunciado os resultados “fraudulentos” da eleição presidencial.

O governo argentino pediu na altura ao procurador do Tribunal Penal Internacional que solicite uma ordem de prisão contra Maduro e outros líderes venezuelanos.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Maduro ditador, destruidor da Venezuela, cheio de amigos com meias palavras, apoiado pelos seus pares como lula no Brasil, não conseguiu nem fraudar as atas impressas, só colocou em segredo e diz que não vai mostrar porque não as têm, a lei por lá não existe, só a vontade do ditador.

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