As aranhas cheiram com as pernas. E já sabemos como

Tiraspolsky / Wikimedia Commons

A aranha A. bruennichi

Que as aranhas cheiram, já se dizia, mas porquê? Um novo estudo pode ter a resposta — a chave está nos pelos das pernas.

Existem muitas provas de que as aranhas conseguem detetar odores como as feromonas sexuais. Mas, sem antenas, como têm outros insetos, qual é o seu órgão olfativo?

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, demonstrou que as aranhas macho utilizam os polos olfativos chamados wall-pore sensilla (“sensilas de poros parietais”, em tradução à letra) nas suas pernas como um “nariz” para detetar as feromonas sexuais libertadas pelas aranhas fêmea.

Os investigadores descobriram sensilas de poros parietais, anteriormente desconhecidas, nas patas de aranhas vespas machos (Argiope bruennichi) e demonstrámos que podem usá-las para detetar feromonas sexuais transportadas pelo ar com elevada sensibilidade, explica a autora do estudo Dan-Dan Zhang num artigo do The Conversation.

O estudo analisou aranhas A. bruennichi machos e fêmeas através de microscopia eletrónica de varrimento de alta resolução. Descobriu milhares de sensilas de poros de parede em todas as patas das aranhas machos e revelou caraterísticas específicas destas.

A A. bruennichi é uma das poucas espécies de aranhas em que a estrutura química da feromona sexual foi efetivamente identificada. As aranhas fêmeas libertam feromonas gasosas que atraem os machos à distância.

Os investigadores decidiram, então, testar se as sensilas dos poros da parede respondem ao composto da feromona. Nestas experiências, montaram aranhas machos vivas sob um microscópio e colocaram um elétrodo de registo na base de uma única sensila de poro de parede.

Em seguida, expôs-se cada sensilo a uma baforada de feromona. Descobrimos que mesmo uma pequena quantidade do composto de feromona — apenas 20 nanogramas — era suficiente para provocar uma resposta clara como uma explosão de atividade nas células neuronais de um sensillum de poro de parede, e a resposta tornava-se mais forte à medida que a dose aumentava.

Ou seja, as sensilas olfativas das aranhas são incrivelmente sensíveis, comparadas com as dos outros insetos.

No entanto, as sensilas estão ausentes em grupos de aranhas que se ramificam de forma basal, como as aranhas Arbanitis sp., encontradas na Ásia. O padrão encontrado sugere que as sensilas dos poros da parede evoluíram de forma independente várias vezes nas aranhas e perderam-se em algumas linhagens.

Este estudo abre caminho para uma exploração mais alagada da biologia das aranhas, e dá lugar a novas perguntas, às quais os cientistas terão de procurar dar respostas. Como terá o olfato evoluido na vasta diversidade de espécies de aranhas?

“ZAP” //

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