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Enorme tesouro de metais raros estava escondido… em resíduos tóxicos de carvão

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Universidade do Texas

Das cinzas que resultam da queima do combustível fóssil mais sujo do planeta, surgem, como fénix, elementos raros que podem valer até 8 mil milhões de euros e ser utilizados para produzir energia limpa.

De acordo com a recente investigação liderada pela Universidade do Texas, em Austin, as cinzas de carvão das centrais elétricas dos Estados Unidos podem conter até 11 milhões de toneladas de metais raros.

O valor material destes recursos pode atingir os 8,4 mil milhões de dólares (cerca de 8 mil milhões de euros), o que equivale a quase 8 vezes a reserva nacional dos EUA.

Estes materiais são apelidados de terras raras — um conjunto de elementos metálicos, com nomes como escândio, neodímio e ítrio, que existem no núcleo da Terra. Têm um papel fundamental na tecnologia limpa, incluindo veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas.

Ao contrário do que o seu nome indica, estes metais não são raros na natureza— são sim difíceis de extrair e separar do minério que os rodeia, pelo que a procura está a ultrapassar a oferta.

“Basicamente, estamos a tentar fechar o ciclo e a utilizar os resíduos e a recuperar os recursos nos resíduos”, explica à CNN a investigadora Bridget Scanlon.

A autora do estudo explica ainda que, com a procura levada por matérias deste tipo devido à transição energética, “tem havido um movimento para procurar fontes não convencionais de terras raras, disse ela, “e uma dessas fontes é o carvão e os subprodutos do carvão”.

“Existem enormes volumes de cinza de carvão em todo o país [mais propriamente, cerca de 70 milhões de toneladas]. E o processo inicial de extração… já está tratado”, explicou Davin Bagdonas, coautor do estudo.

As cinzas de carvão da Bacia dos Apalaches contêm as maiores quantidades de elementos de terras raras, mas apenas 30% podem ser extraídos, explica a CNN.

As cinzas de carvão da bacia do rio Powder, que atravessa o Wyoming e o Montana, têm a menor concentração média de elementos, mas mais de 70% podem ser extraídos.

Em abril, a administração americana de Joe Biden anunciou um investimento de 17,5 milhões de dólares (cerca de 17 mil euros) em projetos de extração de terras raras do carvão e dos seus resíduos.

A investigadora explica ainda que a transformação das cinzas de carvão em produtos valiosos não vai provocar a produção de ainda mais carvão: “Vamos utilizar a maior parte dos resíduos antigos“, garante Scalon.

“Não há qualquer indicação de que a futura dependência das cinzas de carvão como matéria-prima para materiais críticos incentive a produção de energia a partir do carvão”, afirma ainda um porta-voz do Departamento de Energia dos EUA.

ZAP //

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