Após décadas sem novos desenvolvimentos, icónico parque temático de Coimbra vai ter cinco novas réplicas de edifícios emblemáticos — mas não vão ser “cópias” diretas.
O icónico parque temático Portugal dos Pequenitos, inaugurado em Coimbra em 1940, prepara-se para ser revitalizado e expandido, após décadas de abandono, sem desenvolvimentos.
Com mais de 80 anos de existência, a Fundação Bissaya Barreto (FBB), responsável pelo parque, iniciou um projeto ambicioso com o objetivo de incluir representações de obras contemporâneas da arquitetura portuguesa. Entre os protagonistas desta futura empreitada estão nomes como Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura e Rem Koolhaas, avança o Público esta terça-feira.
Projetado originalmente pelo arquiteto Cassiano Branco, o Portugal dos Pequenitos sempre se destacou como um espaço de celebração da arquitetura, cultura e história portuguesas, mas caiu numa teia estática. Reconhecendo a lacuna, a FBB lançou, em meados da última década, um plano de expansão e modernização que reflete o Portugal contemporâneo.
A iniciativa inclui cinco novas réplicas de edifícios emblemáticos: o Pavilhão de Portugal de Álvaro Siza, a Casa das Histórias Paula Rego de Eduardo Souto de Moura, o Terminal de Cruzeiros de Leixões de Luís Pedro Silva, a Casa da Música de Rem Koolhaas e o bar À Margem de João Pedro Falcão de Campos — todas adições que não vão só ampliar o o parque, mas também destacar a diversidade e inovação da arquitetura portuguesa.
A integração destas novas estruturas no parque está a ser conduzida pelo atelier de arquitetura paisagística GetOut, vencedor do concurso promovido pela FBB.
Os espaços exteriores já foram modernizados, com intervenções nas infraestruturas de saneamento e eletricidade. Os arquitetos paisagistas trabalharam em colaboração com os autores das réplicas, garantindo que cada estrutura fosse contextualizada no ambiente natural e cultural.
Por exemplo, o Pavilhão de Portugal de Siza será posicionado junto a um lago, evocando a relação simbólica com a água do edifício original. A Casa das Histórias, por sua vez, será rodeada por um jardim de pinheiros, enquanto a praça de pedra da Casa da Música será transformada num prado, plantado com espécies autóctones.
Os arquitetos envolvidos neste projeto afastaram-se do conceito de miniaturização direta das obras originais, destaca o Público. Álvaro Siza, por exemplo, optou por reinterpretar o seu Pavilhão de Portugal como uma “ruína” fragmentada, que transmite uma nova expressão e funcionalidade. Souto de Moura seguiu uma abordagem semelhante ao criar uma versão em madeira da Casa das Histórias, preservando apenas as suas icónicas pirâmides — um pouco de acordo com o espírito lúdico e pedagógico do parque. Luís Pedro Silva, autor da adaptação do Terminal de Cruzeiros de Leixões, descreveu o seu projeto como um “espaço de descoberta”, mantendo a forma geral do terminal, mas reinventando os interiores e exteriores.
A expansão do Portugal dos Pequenitos não se limita à construção física. A FBB está a produzir ainda uma série documental em sete episódios, com apoio da Direção-Geral das Artes, que detalha o processo criativo e a visão dos arquitetos envolvidos. A série será exibida em diferentes cidades de Portugal e também em faculdades de arquitetura em Itália.
Com uma área ampliada para mais de um hectare, a inauguração das novas estruturas está prevista para o primeiro trimestre de 2026.
Excelente. Parabéns Fundação Bissaya Barreto.
Sempre os mesmos… A arquitetura portuguesa necessita de renovação.