Israel vai cessar-fogo no Líbano (“em princípio”). As 3 fases do acordo

Haitham Imad / EPA

Palestinianos deslocados em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza.

Netanyahu terá concordado com proposta dos EUA para um cessar-fogo em 3 fases com o Hezbollah no Líbano, onde já morreram mais de 3000 pessoas desde que Israel deu início à invasão terrestre do sul do país.

Os meios de comunicação israelitas publicaram esta segunda-feira de manhã notícias que indicam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu terá concordado com a proposta dos Estados Unidos sobre um cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano.

De acordo com as fontes não identificadas citadas pelos jornais e televisões de Israel, Netanyahu terá aceitado “em princípio” a proposta de Washington após consultas com membros do governo durante a noite de domingo.

A proposta ainda não é definitiva e existem ainda uma série de questões que têm de ser resolvidas, de acordo com fontes israelitas e norte-americanos citadas pela televisão pública de Israel Kan e pelos jornais Haaretz e Ynet. O jornal Ynet indica que a posição de Israel já foi transmitida ao Líbano.

Cessar-fogo em 3 fases: “benefício para Israel”

A proposta inclui três fases: uma trégua seguida da retirada das forças do Hezbollah a norte do rio Litani, o recuo total das tropas israelitas do sul do Líbano e negociações entre Israel e o Líbano sobre a demarcação da fronteira, atualmente uma fronteira estabelecida pela ONU na sequência da guerra de 2006.

As notícias indicam ainda que um organismo internacional liderado pelos Estados Unidos controlaria o cumprimento do cessar-fogo, embora Israel espere receber uma garantia de Washington confirmando o direito de atuar militarmente caso o Hezbollah venha a violar os termos do acordo e se as forças internacionais ou libanesas não atuarem.

No mesmo quadro, o Exército libanês seria encarregado de assumir o controlo da zona fronteiriça e de impedir o regresso do movimento xiita Hezbollah.

Segundo os meios de comunicação social, Netanyahu e o círculo político mais próximo estão a ponderar a forma de promover o acordo junto da opinião pública israelita, com a mensagem de que não se trata de um compromisso, mas sim de um “benefício para Israel”.

Uma sondagem recente do Canal 12 mostra que 64% dos israelitas são a favor de uma trégua no Líbano.

O mediador da administração de Joe Biden entre Israel e o Líbano, Amos Hochstein, esteve de visita a Israel durante o passado fim de semana, depois de ter visitado Beirute insistindo num cessar-fogo.

O enviado dos Estado Unidos, que já conseguiu que Israel — sob o anterior governo de Yair Lapid — e o Líbano chegassem a um acordo (2022) sobre a demarcação da fronteira marítima e a partilha da exploração dos campos de gás, avisou o lado israelita de que esta é a última oportunidade para um acordo promovido por Washington.

Se não chegarem a acordo, as partes vão ter de esperar pelos esforços da nova administração de Donald Trump, segundo os meios de comunicação social israelitas.

O Canal 12 noticiou também que o antigo embaixador dos Estados Unidos em Israel, Dan Shapiro, vai deslocar-se hoje a Jerusalém “para acertar pormenores”.

Hezbollah mostra força

No terreno, o Hezbollah intensificou no domingo os ataques contra Israel, disparando mais de 250 projéteis.

Os mesmos meios de comunicação social referem que a resposta militar do Hezbollah era esperada por Israel, numa altura em que se aproxima a conclusão de eventual pacto, como forma de demonstrar que ainda tem capacidade de ataque.

No passado fim de semana, Israel também intensificou os ataques a Dahye, o subúrbio do sul da capital libanesa controlado pelo Hezbollah e lançou uma poderosa bomba contra um edifício no centro da cidade, matando pelo menos onze pessoas.

ZAP // Lusa

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