A avaria verificada há cerca de duas semanas no maior acelerador de partículas do mundo, e que o impedia de funcionar, foi reparada esta terça-feira, informou hoje a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear/CERN.
“Estamos confiantes em voltar a por a máquina a funcionar, no fim de semana, uma vez que todos os testes têm sido, até agora, bem-sucedidos”, indicou, citado em comunicado, o diretor dos aceleradores e de tecnologia do CERN, Frédérick Bordry.
A avaria, nos circuitos de ímanes do acelerador, foi detetada a 21 de março. Três dias depois, o CERN, do qual Portugal é um dos países-membros, anunciou que a sua reparação poderia demorar “alguns dias ou várias semanas”.
Apesar do contratempo, o CERN mantém para junho a retoma da colisão de protões, mas com o dobro da energia, depois de uma paragem técnica de mais de dois anos para melhoramentos, que estão agora a ser testados.
No comunicado divulgado esta quinta-feira, a organização refere que as equipas “procedem aos últimos testes”, após a resolução, na terça-feira, de “um problema que atrasou a retoma do acelerador”, e acrescenta que “os primeiros feixes [de partículas] poderão circular na máquina entre sábado e segunda-feira”.
O Grande Colisionador de Hadrões (LHC, na sigla inglesa) parou em fevereiro de 2013 para revisão, depois de ter confirmado a existência do Bosão de Higgs, também conhecido como “partícula de Deus”, que, para os físicos, é considerada a chave mestra da estrutura fundamental da matéria.
O Bosão de Higgs valeu, nesse ano, o Prémio Nobel da Física para a dupla François Englert (belga) e Peter Higgs (britânico).
O acelerador de partículas, quando voltar a estar totalmente operacional, vai funcionar com o dobro da energia e com feixes mais intensos.
Os cientistas do CERN esperam descobrir novas partículas, que poderão alterar a compreensão do Universo, e irão sondar a supersimetria, um conceito teórico batizado como “Suzy” que procura explicar a matéria escura, matéria invisível que compõe cerca de um quarto de toda a matéria e energia do Universo e que manifesta a sua presença através dos efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível, como as galáxias e as estrelas.
Feixes com mil milhões de protões, e lançados a uma velocidade muito próxima da luz, vão circular no interior do LHC, um túnel circular escavado no subsolo e com 27 quilómetros de comprimento, situado na fronteira franco-suíça.
As melhorias introduzidas este ano na máquina vão permitir explorar o potencial do acelerador na física para o período 2016-2018.
/Lusa