As manifestações que começaram em outubro já fecharam a principal fronteira com a África do Sul e provocaram 45 mortes. Com paus e bandeiras, o povo sai à rua e a polícia responde com repressão e violência. Já se fala em terrorismo.
A nova vaga de protestos incitada esta semana por Venâncio Mondlane, candidato às eleições presidenciais de 9 de outubro em Moçambique, tem assistido a uma escalada de violência.
A organização não-governamental moçambicana Centro de Integridade Pública (CIP) contabilizou hoje mais sete mortos e uma dezena de feridos nas manifestações de quarta-feira em Nampula, norte do país.
“Todos os sete mortos e uma dezena de feridos reportados pelos nossos correspondentes em Nampula foram vítimas de baleamento no famoso bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula. O número de mortos aproxima-se da meia centena desde que as manifestações iniciaram a 21 de outubro passado”, referiu um balanço do CIP, que monitoriza os processos eleitorais.
A polícia terá interpelado os manifestantes e, de imediato, começado a lançar gás lacrimogéneo”, levando à sua dispersão.
“Dois dos seis baleados mortalmente e dois dos feridos foram encontrados pela polícia num quintal, para onde tinham fugido após o lançamento de gás lacrimogéneo. Um membro da polícia à paisana escapou da morte por apedrejamento após ter sido identificado no meio de manifestantes. Fugiu para uma residência. Os manifestantes entraram a agrediram-no violentamente até perder os sentidos, mas a intervenção da família onde se introduziu evitou o pior”, explicou o CIP.
O mesmo balanço referiu que o posto administrativo de Namicopo, o mais populoso da cidade de Nampula, foi depois incendiado pelos manifestantes: “Além de partirem vidros, os manifestantes lançaram fogo e queimaram o edifício na parte interior. Igualmente, foram queimados alguns bens que estavam dentro, como cadeiras e outros objetos”.
“É o que estamos a ver, acho que cada dia tende a aumentar os polícias, ontem não era assim (…). Acho que os puxaram da cidade para aqui, em Maputo já não deve haver polícia”, afirmou à Lusa o comerciante Finiz Matavela, de 27 anos, antes de se juntar à marcha, explicando porquê logo de seguida: “A gente votou para quem nós queremos, então a coisa não está a funcionar do jeito que a gente quer, eis a razão de estarmos aqui”.
Protestos de apoiantes de Venâncio Mondlane, exigindo a “reposição da verdade eleitoral”, cortaram hoje a circulação em Ressano Garcia, a principal fronteira entre Moçambique e África do Sul, fortemente vigiada por dezenas de militares e polícias.
Às primeiras horas da manhã já era visível a forte presença das Forças de Defesa e Segurança na fronteira, ponto de entrada das importações para a capital moçambicana e de saída das exportações sul-africanas, que usam o porto Maputo, com os veículos pesados a serem escoltados ao logo do trajeto de entrada em Moçambique por militares e polícia, fortemente armada. A fronteira recebe por dia cerca de mil veículos pesados, e situa-se a quase 100 quilómetros de Maputo.
Um grupo de dezenas de manifestantes, declarados apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, reuniram-se junto à fronteira e marcharam pela vila, travando a passagem de pesados, alguns a recuar em plena estrada Nacional 4, face à proximidade dos protestos, envolvidos por dezenas de polícias e militares, que não intervieram.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) Bernardino Rafael, disse na terça-feira ser preciso “um basta” às manifestações e paralisações, referindo que são “terrorismo urbano” com intenção de “alterar a ordem constitucional”.
O ministro do Interior moçambicano, Pascoal Ronda, mencionou a mesma palavra: “isto é terrorismo, quando dizem que queremos atingir a ponta vermelha [residência oficial do Presidente da República], o que significa isto? Significa a remoção dos órgãos que democraticamente foram estabelecidos e isso é grave”, disse o governante, referindo que a “dosagem das medidas” para travar as marchas “tem de ser à altura da doença do paciente”.
O Ministério Público (MP) moçambicano já instaurou 208 processos-crime para responsabilizar os autores “morais e materiais” da violência nas manifestações pós-eleitorais, anunciou também na terça-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsabilizando o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Uma nova preocupação também se levanta: a partida de futebol Moçambique-Mali, a realizar esta sexta-feira, de classificação para a CAN 2025, está a ser olhada com maus olhos, uma vez que pode suscitar distúrbios.
ZAP // Lusa
Os Moçambicanos estão a ser incitados à violência, caos, e confronto, por parte do dr. Venâncio Mondlane que nem sequer se encontra no País.
O sofrido Povo Moçambicano deve perceber que está a ser usado por um indivíduo – o dr. Venâncio Mondlane – que manda os Moçambicanos andarem à pancada uns com os outros, espalhar a desordem, e nem sequer está lá para dar o exemplo e o corpo ao manifesto.